quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

#Dia09 Algo que você está orgulhoso nos últimos dias

Todo dia é motivo para se orgulhar. Todos os dias nos superamos, inventamos, acreditamos.
Estou orgulhoso por defender minhas ideias, e mais ainda por saber que elas culminaram em coisas grandiosas. Talvez não para todos, mas para mim. Alcançar patamares mais altos é um objetivo que vai sendo atingido, devagar...


Eu me orgulho de ser íntegro, pois minhas ideias não são compradas e meus ideais não são mutáveis.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

#Dia08 - Objetivos de curto prazo para este mês

Objetivos foram feitos para serem cumpridos, não é mesmo? E vamos combinar que objetivos a longo prazo dão mais prazer, pois são construídos dia após dia, na "batalha". Mas sendo assim:

  • Aproveitar ao máximo as festas de final de ano
  • Aproveitar ao máximo as companhias nas festas de final de ano
  • Aproveitar as comidas das festas de final de ano

E por aí vai... Esse mês tá no finalzinho já, os outros objetivos ficam pro ano que vem. Até porque... o ano que vem tem!

Cena do filme "Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças", com Jim Carrey e Kate Winslet


- Então é isso, Joel. Vai acabar logo.
- Eu sei.
- E o que nós  fazemos?
- Aproveitamos...

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

#Dia07 - Uma carta para alguém que te machucou recentemente

Então... vamos lá.

"Olá! 

Sabe, é estranho eu estar escrevendo isso, pois sei que não vai mudar nada do que aconteceu (ou melhor, não aconteceu). Sei também que não vais ler essas linhas, pois deve haver coisas que você considera mais importante do que um simples blog. Aliás, difícil saber o que você considera importante...

O fato é que você me machucou, mesmo sem saber, e isso me incomoda. Claro, quem deveria ter ligado era eu, a lógica das coisas é assim. Mas quem disse que temos que seguir a lógica sempre? Acreditei nas suas palavras e... você não cumpriu. Não cumpriu e tenho certeza que não vai cumprir, afinal já se passou tanto tempo desde a última vez que nos vimos.

Com isso, aprendi a entender que o tempo, de fato, cura tudo. Hoje, não dói mais. Na verdade, acho que não doeu... só incomodou. Eu e a minha mania de acreditar sempre, em tudo. Até nas pessoas. Mas valeu, te agradeço por isso tudo. Aprendi que confiar nem sempre é a melhor saída, já que existem pessoas que não cumprem o que prometem. E promessa vai muito além de uma afirmação...

Espero que esteja tudo bem por aí, e que fique melhor ainda. Planos foram feitos para serem realizados, então vou seguir com os meus. Você não estava nesta lista. E não vai estar. Se a gente se encontrar por aí, qualquer dia desses, tudo vai ser diferente. Mas eu já nem espero mais nada.

Valeu, aproveita.
Seguindo,

Jocemar".
É.


quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

#Dia06 - Super herói favorito e por quê


Ah, essa não vale. Não tem nem o que questionar ou expor, não é? Meu super herói favorito, sem dúvidas, é o Super-Homem (Superman). E por quê? Fácil, também...

Quando não está com sua fantasia vermelha e azul, sua capa e aquele cabelo sem nenhum fio fora do lugar, ele é Clark Kent, um jornalista meio atrapalhado, um pouco tímido, que usa óculos e trabalha para o Planeta Diário. Seus superpoderes são os mais diversos: a diferença de gravidade o faz voar pela força de seus músculos, que são "carregados" com o Sol, além de possuir visão de raio-X, visão telescópica, visão de fogo, super sopro e sopro de gelo.

Os quadrinhos diferem muito dos filmes. Mas sua essência ainda é a mesma, e a força que carrega em sua história é o que contagia. Só não vale falar da Kryptonita...

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

#Dia04 - Uma foto com seus amigos

Pra compensar a "sumidinha" que eu dei por esses dias, vale colocar dois dias em um, né?


1998

2008

#Dia03 - No mês passado o que você aprendeu


O que aprendi no mês passado? Tanta coisa... Considerando que hoje é 3 de dezembro, vamos falar de novembro. Em novembro eu aprendi, primeiramente, que o que importa é aquilo que você deseja, você planeja, você constrói. Não vale a pena pautar sua vida pela vida dos outros. Como diz Pedro Bial na famosa mensagem "Filtro Solar", "... não espere que ninguém segure a sua barra: no fim, é só você contra você mesmo."

É simples. Desejar, planejar, realizar. Aprendi também que amigo de verdade é aquele que te entende em qualquer momento. Aquele que sabe, só de olhar, quando você não tá tão bem e compreende suas falhas. Mais do que compreender, ele perdoa. E mais do que perdoar, vocês dão risada disso junto. Amigo não julga, e muito menos fala mal de você por aí. Amigo de verdade fala na sua frente tudo aquilo que está incomodando.

Aprendi que o trabalho pode ser divertido, que algumas pessoas que você conhece a pouco tempo são mais especiais do que as que conheceu a muito. Aprendi que o telefone não morde, não precisa se preocupar, todos vão lhe escutar com atenção. Aprendi a consertar os erros no improviso, e mostrar que quando há disposição e boa vontade, vamos muito mais além do que pensavam que poderíamos ir.

Aprendi, como aprendo todos os dias. Todas as horas. Sempre. Vou adiante, acelerando...

domingo, 28 de novembro de 2010

#Dia02 - O significado atrás do nome do seu Blog

Segue abaixo uma "repostagem" - Ela foi feita no dia 14 de abril deste ano e explica a origem do nome deste blog.

"Esses tempos me perguntaram o porque do blog se chamar Super-Homem Ao Avesso. Oodem surgir várias explicações para isso. Quem me conhece sabe da minha mania-obsessão pela história do Super-Homem, o super-herói mais "verdadeiramente humano" das histórias em quadrinhos.

Superman nasceu no fictício planeta Krypton. Conforme foi crescendo, descobriu que tinha habilidades diferentes dos humanos. Quando não está atuando com o tradicional uniforme azul e vemelho, ele vive como Clark Kent, um jornalista-repórter do Planeta Diário meio atrapalhado e extremamente caxias. Em sua face heróica, ele vesta a famosa "sunga" por cima da calça (no início se parecia mais com um shorts), capa (no início era curta, pequena, depois ficou maior, longa) e botas.

Sou fã incondicional da série e tudo ligada à ela. Contudo, o nome do blog surgiu depois de ouvir uma grande canção, composta e interpretada pelo ator/cantor Daniel Del Sarto. Presente no cd "Dessasossego", a música exalta o super-herói que existe dentro de cada um, capaz de lutar pelo improvável quando preciso.

Segue então a música em questão, acompanhada da letra. Ouça, sinta, reflita e entenda o por quê de eu ser assim, um quase super-homem. Talvez ao avesso. Inconstante, esperançoso, sonhador, cheio de planos, vontades e manias.


Visto a capa e toda fé, miro o alvo e vôo no susto
Meu destino é o que eu quiser, giro o mapa e modo o curso
Cada dia é um novo nó, que eu desato a muito custo
Por ser viajante só, água e olho andam juntos

Cada montanha nova que eu quiser cruzar, tem chuva forte e neblina pra enfrentar
E a sensação que um novo mundo conquistei desaba incessante
Em cada pódio que eu pisei...

Mas visto a capa e toda fé, miro o alvo e engulo o susto
Meu destino é o que eu puder, tomo a rédea e ajusto o curso
Por ser viajante só, água e olho andam juntos

E a cada passo mais seguro que eu dou a corda bamba dança menos sob os pés
A insegurança, o futuro, isso passou
E aquela montanha não era assim tão alta

Deixa eu ganhar minha verdade, deixa eu ficar à vontade
Deixe eu seguir, livre o caminho
Deixa eu aprender sozinho
Não vem cobrar velocidade, a direção é o que vale

Todo homem tem suas montanhas pra subir
E só cada um é que sabe mesmo o quanto custa levantar do chão depois de cair
E prosseguir a escalada, muitas vezes tendo desaparecido um tanto da confiança
Depois de tanta perda, tanta porta fechada e tanta canela ralada...
Mas canto agora pra parte nossa que guarda uma força sagrada
Que vem, não se sabe bem de onde, nem como, mas que vem
E quando vem... nossa! Não se intimida por nada
E faz surgir em nós o super-homem
Nós, os super-homens sem capa
Os super-anjos do dia dia que vestem uniforme branco ou roupa de palhaço
Ou sapatilhas de bailarina, curadores do espirito
Quem tem microfone ou pincel nas mãos. ou são artistas de pena, papel e tinta
Pessoas-heróis que se esforçam e vencem as tais montanhas
E fazem voar pensamentos...

Alegram, emocionam, acalmam os tormentos
Fazem rir, chorar, curar, fazem crescer
Sonhar, sentir, caminhar...

Visto a capa e toda fé
Medo, angústia, eu esqueço
Visto a capa e toda fé
Super-homem ao avesso..."

sábado, 27 de novembro de 2010

#Dia01 - Uma foto sua recente e 15 fatos interessantes sobre você

15 fatos interessantes sobre mim:

1. Tenho tantos planos/desejos que nem sei por onde começar, as vezes
2. Gosto mais de chocolate branco
3. Pretendo viajar para fora do país o mais breve possível (isso explica a foto acima)
4. Meu reality show favorito é "American Idol"
5. Chorei com o final da série "Lost"
6. Nunca fui muito bom com números
7. Sempre quis ser o Harry Potter
8. Estou escrevendo um livro
9. Sou completamente viciado em filmes
10. Tenho duas tatuagens que significam muito pra mim
11. Sou um aspirante a fotógrafo profissional
12. Passei por algumas barras na adolescência
13. Perdi a timidez quando estreei no teatro e quero voltar logo pros palcos...
14. Ouço música pra dormir
15. Vocês ainda vão me ver na novela das 8!


Desafio dos #30dias

Dia desses, na companhia da minha queridíssima prima e autora do Blog da Carol (passa lá, hein?!), comentávamos sobre nossa vida online. E então ela me indicou esse desafio. Vamos nessa!

#Dia01 - Uma foto sua recente e 15 fatos interessantes sobre você
#Dia02 - O significado atrás do nome do seu Blog
#Dia03 - No mês passado o que você aprendeu
#Dia04 - Uma foto com seus amigos
#Dia05 - Uma foto de algum lugar onde você já esteve
#Dia06 - Super herói favorito e por quê
#Dia07 - Uma carta para alguém que te machucou recentemente
#Dia08 - Objetivos de curto prazo para este mês
#Dia09 - Algo que você está orgulhoso nos últimos dias
#Dia10 - Uma foto de alguém / algo que te influencia
#Dia11 - Um hábito que você gostaria de não ter
#Dia12 - As músicas que você ouve quando está feliz, triste, entediado…
#Dia13 - Qualquer coisa a sua escolha
#Dia14 - Uma foto com sua família
#Dia15 - Algo que você se orgulha
#Dia16 - Uma outra foto sua
#Dia17 - Alguém que você gostaria de ser por um dia e por que
#Dia18 - Planos / sonhos / objetivos que você tem
#Dia19 - Apelido que você tem e por quê
#Dia20 - Alguém que você se vê casando
#Dia21 - Uma imagem de algo que te faz feliz
#Dia22 - O que te faz diferente do resto das pessoas
#Dia23 - Algo que você deseja
#Dia24 - Uma carta para seus pais
#Dia25 - Outra foto sua com seus amigos
#Dia26 - O que você pensa sobre seus amigos
#Dia27 - Qualquer coisa a sua escolha
#Dia28 - Uma imagem de você no ano passado e agora, como você mudou desde então?
#Dia 29 - No mês que se passou o que você aprendeu?
#Dia 30 - Quem é você?

#vemgente

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Amor X Trabalho

Compartilho hoje com meus dois ou três fiéis leitores um texto bacana sobre relações X carreira.

"Pais de hoje educam os filhos para o trabalho, mas não para o amor! Eles fazem tudo que podem para mostrar aos jovens o quanto é importante desenvolver uma carreira, mas se esquecem de ensinar-lhes como lidar com os relacionamentos afetivos. O resultado é a formação de adultos bem-sucedidos profissionalmente e incompetentes no âmbito amoroso, pessoas que sofrem solitárias ou fazem sofrer quem com elas se relaciona.

Uma amiga queixou-se que o filho rejeita o vínculo afetivo duradouro. Aos 32 anos, acha que o amor é hipocrisia. Lembrei-me, então, de como ela e o ex-marido sempre proporcionaram a esse rapaz conforto e luxo, conseguidos graças à dedicação de ambos ao trabalho. Depois de separados, persistiram na missão de servir de exemplo ao filho, mostrando orgulho pela carreira construída e pelos ganhos financeiros. Essas lembranças me levaram a refletir sobre as mensagens hoje transmitidas aos jovens sobre carreiras e relações afetivas. Que diferença!

Pais como minha amiga e o ex-marido educam os filhos para admirar e valorizar a carreira. Mas quase não vejo pais que os eduquem de modo a ver a relação amorosa como um patrimônio que deva ser cuidado para que dele tenham orgulho no fim da vida.

Noto pais sacrificando para dar aos filhos exemplo de profissionalismo. Mas não vejo casais cultivando uma relação gostosa e consistente que sirva de exemplo para os filhos. Conheço pais que não medem esforços para que os filhos aprendam a comunicar-se em outros idiomas. Nunca encontrei pais que procurassem incentivar seus rebentos a comunicar-se sem mentiras e manipulações. Ouço pais e mães citando gurus corporativos para inculcar nos filhos a atitude de vestir a camisa da empresa. Mas não conheci pais e mães que se esforçassem para ensinar-lhes a serem cônjuges fiéis.

Existe muita dedicação na aquisição de competências profissionais e pouca na de competências para a vida amorosa. As pessoas acreditam que nasceram sabendo como se relacionar afetivamente. Mas cresce o número de relações sem harmonia e dignidade, de pessoas incompetentes afetivamente, que geram sofrimento em quem se envolve com elas.

Respeito e compromisso aparecem no discurso da maioria, mas não nas atitudes. Cansei de ouvir relatos de rapazes que conhecem moças na balada e as levam para casa, para uma noite de prazer. De madrugada, elas vão embora - e eles voltam a dormir, despreocupadamente, a despeito dos perigos da cidade. Não há sensibilidade e respeito da parte deles, e elas não se fazem respeitar nesta questão. Ligar no dia seguinte para agradecer pelos momentos passados juntos, então, nem pensar! São descartáveis uns para os outros. Compromisso é um conceito que parece referir-se a casamento apenas e não ao cuidado que devemos ter com alguém com quem estivemos envolvidos, ainda que por pouco tempo.

As moças dizem que os rapazes somem de repente. Não ligam, não atendem às chamadas, não dão notícias. Por e-mail a desculpa é sempre a mesma: "Estou atolado de trabalho!" Descobre-se depois que saem com outras. Isso é falta do quê? Educação? Respeito? Caráter? Ora, se alguém some do trabalho sem dar motivo é demitido por justa causa!

Não me entenda mal, leitor. Não coloco o trabalho em oposição à relação amorosa. Creio que ambos são imprescindíveis para o equilíbrio e a saúde mental. Creio também que é infeliz quem busca realização em um ou em outro apenas. Meu alerta é no sentido de conscientizar e sensibilizar. Se o cuidado na educação para as relações amorosas fosse igual ao que se dá à formação profissional não haveria tanta gente sozinha, infeliz ou vivendo relações insanas. Mas vale lembrar: as vezes, estar sozinho é muito melhor!"

(Rosa Avello)

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Saudades

Eu sinto tanta saudade... saudade do que já vivi, do que já vi, do que imaginei. Sinto saudade daqueles que se foram, daqueles que estão indo embora, daqueles que ainda nem conheci. Eu sinto falta de abraços do passado, de risadas sem fundamento, de segredos trocados na madrugada. Sinto falta da mão que apertava a minha na hora do medo, das conversas intermináveis que nos faziam sentir adultos. Coisa que passam...

Eu sinta saudade dos amigos da infância, dos dias passados em frente ao videogame, da gritaria na hora da vitória na última fase. Sinto tanta falta daquele tempo passado em frente as prateleiras, escolhendo filmes, livros, jogos, comidas. Ah, se desse pra fazer tudo de novo...

Tenho saudades das tardes na escola, dos ensaios para as peças de teatro, das partidas de Banco Imobiliário, dos dias em que sonhávamos em ser jogadores profissionais de vôlei, porque altura a gente sempre teve, hein!?. Sinto falta dos banhos de mangueira, das guerras de bexiguinhas, dos salgadinhos com brindes que comprávamos só para completar nossa coleção.

Faz tanta falta isso tudo. Faz tanta falta, tanta gente. Quando nos damos conta, crescemos, encontramos um mundo diferente e tudo fica só na lembrança. E quanto mais o tempo passa, mais vivos se tornam esses momentos. Eu quero sim repetir tudo o que vivi! Eu quero encontrar os velhos amigos, abraçá-los com carinho e agradecer por serem parte do que eu sou hoje. Nosso caráter é contruído na infância e na adolescência, e na vida adulta ele é apenas moldado. Posso dizer que tenho orgulho do que construímos, parceiros!

Vocês fazem tanta falta...


sábado, 23 de outubro de 2010

Luta.

Tem dois momentos da vida que nos fazem tremer de verdade: o primeiro dia na escola e o primeiro dia depois do fim dela. É estranho: você fica anos e anos convivendo com as mesmas pessoas, diariamente, aprendendo matemática, português, geografia, história e, por mais que você deteste tudo isso, vai querer voltar no tempo. Vai por mim. Tudo o que a gente mais quer é poder se livrar logo desse compromisso chato, dos professores e das matérias que não nos agradam. Ah, mas a gente não quer perder o contato com os colegas...

Mas perdemos. E quando, finalmente, a escola termina, chega o vestibular, a faculdade, o primeiro emprego, as oportunidades que se escancaram à sua frente. E aí não tem jeito: medo, saudade, coragem, insegurança, decisões. Tudo é tão novo e tão “surreal” nesses momentos que a gente nem para pra pensar demais; pra não enlouquecer, talvez. Ou porque pensar demais não leva a lugar nenhum.

A roda vai girando e a gente se vê em apuros. Poxa, tá na hora de ser responsável! Tem contas pra pagar! Eu ainda quero tanta coisa... Aí, a roda gira, gira, e você se depara com mais decisões, insegurança, coragem, saudade, medo. A novidade assusta e você, agora mais consciente de tudo, para pra pensar um pouco mais. Mas então esquece, você nunca vai entender mesmo. Até porque, vamos combinar: entender não é pra qualquer um.

Quando a possibilidade de algo novo se aproxima, bate aquele conhecido frio na barriga, iguais anseios e percepções. Mas cara, se liga! Você mudou tanto desde aquele tempo... você não tem mais medo do escuro, não se importa com o que estiverem pensando a seu respeito. Você não acredita mais em Papai Noel, mas ainda continua fã do Super-Homem. Já não ouve mais as mesmas músicas. Opa, mentira, ouve sim. Algumas. Você continua correndo para sua mãe quando a vida te dá um murro na cara, mas já não conta tudo para ela. Para e observa. Nem o seu rosto não é mais igual. É, tantas mudanças.

Vai encarar o destino? Vai estufar o peito, botar o pé direito na frente e voar? Fala aí, com certeza você se lembra daquela mensagem que sempre te instiga? “Não espere que ninguém segure a sua barra...”. É sempre você contra você mesmo, parceiro...

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Pra sempre, sempre.


É estranho como as relações influenciam nossas vidas, não é? Pessoas que você conhece hoje e que amanhã você não encontra mais. Pessoas que marcaram sua vida tempos atrás e que, agora, são mais especiais do que nunca. E aqueles que, de uma forma ou de outra, deixam momentos, marcas e histórias daquelas que a gente não esquece jamais.

Nas nossas andanças por aí, encontramos de tudo. Tem amigo do peito, de lá do fundo; aquele que te conhece mais do que você mesmo , sabe quando você não tá bem e compartilha dos seus momentos de loucura. Aquele amigo dos dias de semana, com o qual compartilhamos os anseios e "filosofamos" sobre a vida. Tem o amigo de final de semana, que você encontra nas festas; aquele que sai pagando bebidas pra todo mundo e jura pra você que ainda tá sóbrio.

Encontramos também o amigo por conveniência. Esse é aquele que conhece seus pontos fortes e faz uso deles para benefício próprio; é mais conhecido como "aproveitador". Existe o amigo osmose: tudo o que você diz, ele absorve. Tudo o que o Papa diz, ele absorve. Tudo o que o passarinho canta, ele absorve. Dá pra chamá-lo de Bob Esponja!

Tem também os amigos Power Rangers: juntos, são imbatíveis. Cada um com seu estilo, formam aquele grupo de dar inveja aos que passam. Bem-humorados, inteligentes e acima de tudo unidos (o que anda difícil hoje em dia...). Tem o amigo vilão-bonzinho, que tenta se beneficiar por você, mas acaba se arrependendo e sempre sai perdendo. O amigo-irmão, o amigo-pai-mãe, o amigo-avô: você sempre será prioridade na vida deles...

Seja qual for a "trupe", amizade se faz no dia a dia, em cada e-mail ou tweet recebido, em cada ligação só pra contar as novidades, em cada abraço apertado quando são grandes as saudades. É com os amigos que a gente vive aquelas histórias que vamos contar no futuro. Quando é de verdade, oceano nenhum separa. Jamais.

"Longe ou perto, onde quer que você se encontre: acredito que no coração continua..."


Um sentimento natural
Que acontece com razão
É Deus quem escolhe quem vai se dar bem
A caminhada é igual, seguindo a mesma direção
Pensando juntos nós vamos além...

Lágrimas na vitória
Sempre na derrota ou glória
É luz na escuridão
Somos um só coração
Sempre vivo na memória
Faz parte da minha história
Nada vai nos separar
A amizade é tudo!

É se dar sem esperar
Nada em troca dessa união
É ter alguém pra contar
Na indecisão!
Nunca se desesperar
Sempre ali pra estender a mão
Maior valor não há!
É feito um irmão!...

PS.: Esse post é dedicado as minhas verdadeiras amizades! (que sabem quem são =D)

sábado, 25 de setembro de 2010

As melhores coisas

(Texto de Eduardo Dall'Alba)

As melhores coisas acontecem na surdina, no baixo relevo, no côncavo, nada de barulho e nada complexo, no simples espaço e na luz. Trata-se de uma claridade que permeia as horas e que encontra equilíbrio no meio de tudo o que está por vir. Um alinhamento, um devir. E este sabe a luz do sol, no seu melhor, enquanto não se apaga o dia.

Bilhetes escritos à mão com o traço da pessoa que escreve; um café na mesa, um recado atrás da porta, coisas assim simples que quebram a rotina e fazem pensar que o mundo gira. As melhores coisas não têm prazo, não têm dia nem hora marcados e não precisa de aviso. Lendo os sinais, as coisas podem se confirmar. Isto pode acontecer, sempre.

Há na estrela da tarde qualquer coisa de inefável, qualquer coisa de brilho, e estrela não se empresta: ou se tem ou não se tem. É como o brilho dos olhos diante de alguma coisa, em alguma parte, seu reflexo nos olhos dos outros, e em tudo que existe desde sempre.

É claro que tudo está nos olhos de quem vê e tudo depende disso, uma fração e desvio do olhar e tudo muda de foco, de sentido, podendo virar uma aspereza, uma tristeza, algo assim, poroso e desuniforme. As melhores coisas derrubam as tristezas, alargam o caminho e trazem a paz da simplicidade nos gestos. Não se precisa de barulho ou de holofotes diante das melhores coisas, pois elas acontecem no reino velado da existência e podem mudar o rumo de quem as procura.

Antes das melhores coisas, um cheiro úmido no ar do que está por vir. Elas estão ali e vão acontecendo, devagar, porque o sol veio para ficar uma temporada depois do frio que fez ou do calor que fará. As melhores coisas dependem da vontade, mas acontecem ao natural, não se pode forçá-las, porque ali é o terreno do frágil, do pequeno mundo, no qual as coisas do mundo grande não entram nem interferem.

As melhores coisas não precisam de placa de anúncio, não são vistas à venda em supermercados ou em farmácias. Antes, podem ser identificadas em certo modo de olhar, falar, correr os olhos, sentar-se diante de, sorrir e andar. Às vezes, nos pequenos, e outras, nos grandes e corajosos passos que são necessários à vida. As melhores coisas acontecem em surdina, como a primavera que chega na hora. Sem palavras.


Laura Pausini & James Blunt - Primavera Anticipada

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Desgruda!

Eu nunca gostei muito desses casais de novela e da vida real que são melosos demais e muito menos de apelidos carinhosos entre a dupla. Pra mim, o excesso é sempre dispensável. "Amorzinho" pra cá, "Lovezinho" pra lá. Pra que isso, gente? Parece que tudo fica no diminutivo, a vida agora só faz sentido se as coisas forem pequenininhas, fofinhas... Não, né?! Vamos evoluir, gente.

Uma coisa é certa: gente que namora fica chata. Esquece dos amigos, dos parentes, do planeta Terra. Começa a viver em um mundo de alienação: a sua vida é o "Bebezinho" ou a "Fonfon". O seu programa de final de semana é ficar em casa com o (a) "More", assistindo filminho e comendo pipoquinha. Na hora do almoço, fica grudado ao telefone, pedindo o que o "Neneinzinho" tá comendo, se tem limão no refrigerante, se tá sentindo saudades, dizendo eu te amo. E na hora de desligar é o fim da picada: "- Desliga você primeiro. - Não, você! - Ah, desliga você, amor... - Não, só depois de você...".

Mensagem por celular então é uma avalanche. Compram o pacote de bônus da operadora de celular para poder gastar tudo com o "Feijãozinho" e a "Moranguinho". O Orkut, que alguns conseguem deixar ridículo normalmente, vira uma piada completa. A pessoa perde a identidade! É algo incrivelmente... sem noção! Se a menina se chama Maria e o namorado Pedro, o perfil virtual torna-se Maria & Pedro Love4Ever. Oi? Se tiver profile no Twitter, não siga. Metade dos posts serão de declarações, perguntas imbecis ou então aquele lenga-lenga inútil (e idiota):

"@maria&pedro4ever Tá com saudades, amore?
@pedro&maria4ever Tô... e tu, também tá?
@maria&pedro4ever Também... mas eu tô com mais saudades do que tu!
@pedro&maria4ever Não, eu tô com mais..."

E por aí vai...

Se o casal for junto a um casamento, então, é melhor você sentar do outro lado do salão. É um tal de "o nosso vai ser assim, vai ter aquilo ali, vou trocar de vestido 3 vezes, você vai tá linda até se estiver de calça jeans". Festa junto com o casal? Melhor ficar em casa, com certeza. Eles vão se agarrar o tempo todo, trocar juras de amor eterno, e você ali, do lado, morrendo de vontade de tá com o seu pijama do Super-Homem e escrevendo no seu blog...

Que fique bem claro que esse não é um post anti-namoro ou contra o amor. É só uma explanação sobre uma coisa que, de verdade, irrita muito. Aposto que você concorda comigo. E se você vive esse momento açúcar-grudento, melhor repensar. Porque, vamos combinar: um casal que se respeita, sabe os limites de espaço e não gruda-o-tempo-todo é muito mais bacana de se ver (e de ter por perto).

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Orgulho Gaúcho

"Foi o 20 de setembro o precursor da liberdade..."

A busca pela liberdade e por tudo aquilo que sempre foi seu de direito resultou numa das batalhas mais conhecidas da história de nosso país. Um grupo da então província de São Pedro do Rio Grande do Sul, liderado por Bento Gonçalves, Davi Canabarro e Giuseppe Garibaldi mostrou sua força. Como consequência de sua vitória, resultou a declaração de independência da província como estado republicano, dando origem à República Rio-Grandense. Em 20 de setembro de 1845, os gaúchos eram livres.

Nascia aí o orgulho de ser desta terra. Orgulho de ter esta história. Orgulho de lutar, lutar e nunca desistir. A Revolução Farroupilha estendeu-se por 10 anos. As coisas não foram fáceis, nada foi obtido gratuitamente. Nossos heróis farrapos abdicaram de suas vidas para dar vida ao povo do Rio Grande. Abandonaram seus lares, suas famílias e foram em busca de um ideal. Se você é gaúcho, entende esse sentimento. Se você não é, talvez possa entender.

Importante: se você não lembra dos motivos do 20 de setembro ser tão festejado no Sul do país porque dormia nas aulas de história, basta lembrar-se da minissérie "A Casa das Sete Mulheres". A trama foi responsável por levar ao Brasil e ao mundo os pontos principais da Guerra dos Farrapos e emocionou com suas histórias parelelas. Claro, Manuela não existiu e dizem por aí que Anita Garibaldi não era tão bonita como a da televisão; mas não importa. O que importa é que fomos admirados e compreendidos.

O Orgulho Gaúcho vai muito além da história. É o orgulho do sotaque, do jeito de expressar-se, das tradições. Orgulho da pilcha, da cuia de chimarrão sempre presente. Do pinhão na chapa, da geada nas manhãs de inverno, das danças típicas. Orgulho da sinceridade, do sorriso, do jeito simples, aberto e alegre de receber o outro. De gostar de ver a mesa farta, das raízes que vem lá da Itália, das tantas formas de se dizer "olá". Do "frio de renguear cusco", do vento minuano que sopra no fim de tarde, do carreteiro de charque e do churrasco que já é tradição.

Ser gaúcho é muito mais do que ter nascido no lado de baixo do Brasil. Ser gaúcho é ter no peito o amor pelo campo, pelo canto dos passarinhos, por poder dizer "bah, tchê!". Ser gaúcho é acordar de manhã e agradecer por simplesmente... viver.

Veja umas imagens guapas e canta o Hino do Rio Grande do Sul:



"Todos os dias o Rio Grande desperta e vai em frente. Altivo e sonhador, alimentando os seus ideiais, porque essa é a nossa tradição. Todos os dias, sob esse imenso céu que nos protege, o futuro é construído em cada canto, por cada um de nós. Essa é a marca do gaúcho. Todos os dias, essa terra fértil e generosa cresce e se desenvolve, pois tem ao seu lado a força de uma paixão."


Eu sou gaúcho. Com muito orgulho. Com muito amor.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Valeu a pena!

O 7 de setembro já passou, mas deixou em mim alguns 'poréns'. Primeiro, quero dizer que antes de ser brasileiro, eu sou gaúcho. Sim, gaúcho, com orgulho. Orgulho do sotaque, dos costumes e tradições, do jeito de ser e enfrentar a vida. Com orgulho do chimarrão, do pinhão, das raízes plantadas lá na Itália. Então, orgulho da polenta, do queijo, do salame e do vinho.

Nos últimos dias pude conviver e conversar com pessoas de todos os cantos do país. Descobri que o Acre existe (!), que os paranaenses também amam o Rio Grande; descobri que os mineiros são tão simpáticos que chega a dar raiva, que os pernambucanos morreriam por sua terra e que não estão nem aí para o que podem pensar deles. Percebi que o pessoal de São Paulo admira a nossa calmaria e que os cariocas não gostam do frio, mas a galera de Brasília gosta.

O que estou tentando dizer é que, não importa de onde você seja, o orgulho de poder mostrar ao outro sua forma de viver sempre será gigantesco: como é bom ouvir elogios à sua cidade, à sua simpatia, à sua universidade, ao seu jeito descomplicado de olhar o mundo. Gente, é tudo tão simples. Passa tão rápido. E deixa marcas...

Quem vivenciou esses últimos dias, em Caxias do Sul, no Intercom 2010, entende o que escrevo. E caberia falar muito mais... Vocês não podem imaginar o quanto a universidade toda trabalhou para que esse evento fosse impecável. E foi! O que mais eu tenho para falar? Fica pra depois, quando eu juntar mais fotos, concatenar as lembranças. Por enquanto, obrigado. Foram 5 dias que entraram pra história!


"Que bom se todo dia fosse sempre assim..."

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Setembro...


O tempo passa cada vez mais rápido. Vai dizer: parece que foi ontem que você pulou as sete ondinhas no Reveillon, fazendo mil planos para o ano que estava começando. E aí, quando se deu conta, não conseguiu realizar nem metade daquela tradicional lista de metas, engordou, emagreceu, começou a namorar, terminou, o inverno chegou, você tomou incontáveis xícaras de café, fez a vacina contra a gripe, foi as festas e shows que tinha vontade. Teve seus momentos de reflexão, ficou sozinho para ouvir aquela música que só você curte, cantou bem alto no chuveiro e perdeu a hora, várias vezes.

Vão acabar as aulas. Você vai ficar longe dos seus amigos por um tempo, mas vai ligar todo dia para aquela pessoa especial só para contar que você viu uma cena que o fez lembrar dela. E daqui uns tempos, você já vai estar atrás do presente de Natal da sua mãe e do seu pai, torcendo para que o parente mais legal tenha tirado você no Amigo-Secreto da família, vai se esbaldar na ceia e ficar sentindo-se culpado por ter comido tanto. Mas, isso vai passar. Vai chegar o verão, a época dos sorvetes, da cerveja gelada, da conversa jogada fora.

E aí, sem que você perceba, setembro vai chegar de novo. Do ano que vem! E o que a gente faz? Aproveita!



Daughtry - SEPTEMBER

Como o tempo passou, todos os problemas que tivemos
E todas aqueles dias que passamos no lago
Será que tudo isso foi em vão, todas as promessas que fizemos?
Uma à uma, elas desaparecem do mesmo jeito

De todas as coisas que eu ainda lembro
O verão nunca pareceu o mesmo
Os anos passam e o tempo parece voar
Mas as memórias permanecem
No meio de Setembro, nós ainda brincávamos na chuva
Nada a perder, mas tudo a ganhar
Refletindo agora como as coisas poderiam ter sido...
Valeu a pena no final!

Agora tudo parece tão claro, não sobrou nada à temer
Então nós fizemos nosso caminho encontrando o que era real
Agora os dias são tão longos que o verão está passando
Nós alcançamos alguma coisa que já se foi...

Nós sabíamos que teríamos que deixar essa cidade
Mas nós nunca sabíamos quando e nem como
Nós terminaríamos aqui da maneira que somos?
Sim, nós sabíamos que tínhamos que deixar essa cidade
Mas nós nunca sabíamos quando e nem como...

De todas as coisas que eu ainda lembro
O verão nunca pareceu o mesmo
Os anos passam e o tempo parece voar
Mas as memórias permanecem
No meio de Setembro, nós ainda brincávamos na chuva
Nada a perder além de tudo a ganhar
Refletindo agora como as coisas poderiam ter sido
Valeu a pena no final...

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Simples

Simples.
Eu queria que quando eu era mais jovem eu pudesse ter encontrado o meu eu atual. Teríamos sentado em um café para que eu pudesse explicar a vida de jovens em termos que só nós iríamos entender. Teria me salvado um monte de dificuldades.

Você pode ouvir todas as sabedorias que você quiser, mas as coisas só fazem sentido quando se pode explicá-las para si mesmo em suas próprias palavras. Por exemplo, eu tenho dito há três anos que American Idol é o melhor show na televisão, mas só depois que assiste vi que era capaz de me dizer exatamente o que todo mundo estava dizendo.

Outras verdades que eu sei agora que posso explicá-las: que eu não estou perdendo alguma informação crucial e que o poker não é realmente toda aquela diversão; desgostos se desvanecem, mas eles levam cerca de um ano a mais do que você espera e no momento em que você realmente não se importa com isso o suficiente para perceber e, acima de tudo, a vida é mais simples do que você pensa.


Eu costumava pensar que a vida é uma série complexa de alavancas e roldanas, botões e interruptores, impasses e negociações mexicanas com reféns. À medida que envelheço, percebo que a vida é mais minimalista que o holandês Jackson Pollock. Os problemas não ficam menores e, na verdade, eles crescem em número, mas a maneira como se forma o índice na base de dados é diferente. Mais problemas começam arquivados sob cabeçalhos de menor categoria.


As coisas estão ficando mais simples, e estão tornando a vida melhor. Aqui está a folha de fraude:

As pessoas querem ser amadas. Nós todos desejamos atenção e carinho e todos nós rejeitamos vergonha. Quando ficamos envergonhados, enviamos uma versão bandido de nós para a frente para fazer a nossa luta para nós. Estamos no topo da cadeia alimentar, abaixo apenas do medo.

Nós não queremos estar em um relacionamento para ouvir as palavras "eu te amo", nós queremos estar em um relacionamento de dizer as palavras "eu te amo". Nós queremos que precisem de nós, queremos ser excepcionais e odiamos que nos façam sentir insignificantes. Queremos dez no teste de audição. Nós somos criaturas binárias, se nós somos os autores, nós queremos ganhar cada centavo. Queremos fazer mais dinheiro do que no ano passado. Nós não queremos ter câncer ou morrer em nossos carros e nós queremos o mesmo para nossos entes queridos.

Nós saímos nos fins de semana para tentar encontrar alguém especial enquanto tentamos não levar um soco na cara. Bebemos para que possamos ser nós mesmos e não me importo muito com isso. Estamos desesperados para sermos compreendidos. Queremos conhecer alguém que sente isso também. Nós odiamos ser julgados injustamente. Queremos dizer a pessoa que ouviu que não era tudo o que pensava de nós, queremos mudar as suas mentes e admitir que nos fez mal. Nós queremos o céu ensolarado, com uma chance de tornados assassino, apenas para manter a música soando bem.

Levamos horas após a hora para admitir a auto-consciência. Nós não sabemos exatamente como satisfazer um ao outro. Nós só queremos amor. Em toda e qualquer forma.


Viu? É simples. ;)

Eu creio

Eu creio em mim mesmo. Creio nos que trabalham comigo, creio nos meus amigos e creio na minha família. Creio que Deus me emprestará tudo que necessito para triunfar, contanto que eu me esforce para alcançar com meios lícitos e honestos. Creio nas orações e nunca fecharei meus olhos para dormir sem pedir antes a devida orientação a fim de ser paciente com os outros e tolerante com os que não acreditam no que eu acredito.

Creio que o triunfo é resultado de esforço inteligente, que não depende da sorte, da magia, de amigos, companheiros duvidosos ou de meu chefe. Creio que tirarei da vida exatamente o que nela colocar. Serei cauteloso quando tratar os outros, como quero que eles sejam comigo. Não caluniarei aqueles que não gosto. Não diminuirei meu trabalho por ver que os outros o fazem. Prestarei o melhor serviço de que sou capaz, porque jurei a mim mesmo triunfar na vida, e sei que o triunfo é sempre resultado do esforço consciente e eficaz.

Finalmente, perdoarei os que me ofendem, porque compreendo que às vezes ofendo os outros e necessito de perdão.


(Mahtma Gandhi)

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Sotaque mineiro: é ilegal, imoral ou engorda?

- O texto abaixo foi escrito por Felipe Peixoto Braga Netto e publicado no livro "As coisas simpáticas da vida". Se você o achar muito grande, estiver sem tempo e/ou paciência, lá no final do post você encontrará um vídeo interpretando-o. Seja qual for a forma, leia/veja! -


Gente, simplificar é um pecado. Se a vida não fosse tão corrida, se não tivesse tanta conta para pagar, tantos processos — oh sina — para analisar, eu fundaria um partido cuja luta seria descobrir as falas de cada região do Brasil.

Cadê os linguistas deste país? Sinto falta de um tratado geral das sotaques brasileiros. Não há nada que me fascine mais. Como é que as montanhas, matas ou mares influem tanto, e determinam a cadência e a sonoridade das palavras? É um absurdo. Existem livros sobre tudo; não tem (ou não conheço) um sobre o falar ingênuo deste povo doce. Escritores, ô de casa, cadê vocês? Escrevam sobre isto, se já escreveram me mandem, que espero ansioso. Um simples "mas" é uma coisa no Rio Grande do Sul. É tudo menos um "mas" nordestino, por exemplo.

O sotaque das mineiras deveria ser ilegal, imoral ou engordar. Porque, se tudo que é bom tem um desses horríveis efeitos colaterais, como é que o falar, sensual e lindo (das mineiras) ficou de fora? Porque, Deus, que sotaque! Mineira devia nascer com tarja preta avisando: ouvi-la faz mal à saúde. Se uma mineira, falando mansinho, me pedir para assinar um contrato doando tudo que tenho, sou capaz de perguntar: só isso? Assino achando que ela me faz um favor.

Eu sou suspeitíssimo. Confesso: esse sotaque me desarma. Certa vez quase propus casamento a uma menina que me ligou por engano, só pelo sotaque. Mas, se o sotaque desarma, as expressões são um capítulo à parte. Não vou exagerar, dizendo que a gente não se entende... Mas que é algo delicioso descobrir, aos poucos, as expressões daqui, ah isso é...

Os mineiros têm um ódio mortal das palavras completas. Preferem, sabe-se lá por que, abandoná-las no meio do caminho (não dizem: pode parar, dizem: "pó parar". Não dizem: onde eu estou?, dizem: "ôndôtô?"). Parece que as palavras, para os mineiros, são como aqueles chatos que pedem carona. Quando você percebe a roubada, prefere deixá-los no caminho. Os não-mineiros, ignorantes nas coisas de Minas, supõem, precipitada e levianamente, que os mineiros vivem — linguisticamente falando — apenas de uais, trens e sôs. Digo-lhes que não.

Mineiro não fala que o sujeito é competente em tal ou qual atividade. Fala que ele é bom de serviço. Pouco importa que seja um juiz, um jogador de futebol ou um ator de filme pornô. Se der no couro — metaforicamente falando, claro — ele é bom de serviço. Faz sentido... Mineiras não usam o famosíssimo tudo bem. Sempre que duas mineiras se encontram, uma delas há de perguntar pra outra: "cê tá boa?" Para mim, isso é pleonasmo. Perguntar para uma mineira se ela tá boa, é como perguntar a um peixe se ele sabe nadar. Desnecessário.

Há outras. Vamos supor que você esteja tendo um caso com uma mulher casada. Um amigo seu, se for mineiro, vai chegar e dizer: — Mexe com isso não, sô (leia-se: sai dessa, é fria, etc). O verbo "mexer", para os mineiros, tem os mais amplos significados. Quer dizer, por exemplo, trabalhar. Se lhe perguntarem com o que você mexe, não fique ofendido. Querem saber o seu ofício. Os mineiros também não gostam do verbo conseguir. Aqui ninguém consegue nada. Você não dá conta. Sôcê (se você) acha que não vai chegar a tempo, você liga e diz: — Aqui, não vou dar conta de chegar na hora, não, sô. Esse "aqui" é outro que só tem aqui. É antecedente obrigatório, sob pena de punição pública, de qualquer frase. É mais usada, no entanto, quando você quer falar e não estão lhe dando muita atenção: é uma forma de dizer, olá, me escutem, por favor. É a última instância antes de jogar um pão de queijo na cabeça do interlocutor.

Mineiras não dizem "apaixonado por". Dizem, sabe-se lá por que, "apaixonado com". Soa engraçado aos ouvidos forasteiros. Ouve-se a toda hora: "Ah, eu apaixonei com ele...". Ou: "sou doida com ele" (ele, no caso, pode ser você, um carro, um cachorro). Elas vivem apaixonadas com alguma coisa. Que os mineiros não acabam as palavras, todo mundo sabe. É um tal de bonitim, fechadim, e por aí vai. Já me acostumei a ouvir: "E aí, vão?". Traduzo: "E aí, vamos?". Não caia na besteira de esperar um "vamos" completo de uma mineira. Não ouvirá nunca. Na verdade, o mineiro é o baiano linguístico. A preguiça chegou aqui e armou rede. O mineiro não pronuncia uma palavra completa nem com uma arma apontada para a cabeça.

Eu preciso avisar à língua portuguesa que gosto muito dela, mas prefiro, com todo respeito, a mineira. Nada pessoal. Aqui certas regras não entram. São barradas pelas montanhas. Por exemplo: em Minas, se você quiser falar que precisa ir a um lugar, vai dizer: — Eu preciso de ir. Onde os mineiros arrumaram esse "de", aí no meio, é uma boa pergunta. Só não me perguntem. Mas que ele existe, existe. Asseguro que sim, com escritura lavrada em cartório. Deixa eu repetir, porque é importante. Em Minas ninguém precisa ir a lugar nenhum. Entendam... Você não precisa ir, você "precisa de ir". Você não precisa viajar, você "precisa de viajar". Se você chamar sua filha para acompanhá-la ao supermercado, ela reclamará: — Ah, mãe, eu preciso de ir? No supermercado, o mineiro não faz muitas compras, ele compra um tanto de coisa. O supermercado não estará lotado, ele terá um tanto de gente. Se a fila do caixa não anda, é porque está agarrando lá na frente.

Entendeu? Deus, tenho que explicar tudo. Não vou ficar procurando sinônimo, que diabo. E não digo mais nada, leitor, você está agarrando meu texto. Agarrar é agarrar, ora! Se, saindo do supermercado, a mineirinha vir um mendigo e ficar com pena, suspirará: — Ai, gente, que dó. É provável que a essa altura o leitor já esteja apaixonado pelas mineiras. Eu aviso que vá se apaixonar na China, que lá está sobrando gente. E não vem caçar confusão pro meu lado. Porque, devo dizer, mineiro não arruma briga, mineiro "caça confusão". Se você quiser dizer que tal sujeito é arruaceiro, é melhor falar, para se fazer entendido, que ele "vive caçando confusão".

Para uma mineira falar do meu desempenho sexual, ou dizer que algo é muitíssimo bom (acho que dá na mesma), ela, se for jovem, vai gritar: "Ô, é sem noção". Entendeu, leitora? É sem noção! Você não tem, leitora, ideia do tanto de bom que é. Só não esqueça, por favor, o "Ô" no começo, porque sem ele não dá para dar noção do tanto que algo é sem noção, entendeu? Ouço a leitora chiar: — Capaz... Vocês já ouviram esse "capaz"? É lindo. Quer dizer o quê? Sei lá, quer dizer "tá fácil que eu faça isso", com algumas toneladas de ironia. Gente, ando um péssimo tradutor. Se você propõe a sua namorada um sexo a três (com as amigas dela), provavelmente ouvirá um "capaz..." como resposta. Se, em vingança contra a recusa, você ameaçar casar com a Gisele Bundchen, ela dirá: "ô dó dôcê". Entendeu agora?N ão? Deixa para lá. É parecido com o "nem...". Já ouviu o "nem..."? Completo ele fica: - Ah, nem... O que significa? Significa, amigo leitor, que a mineira que o pronunciou não fará o que você propôs de jeito nenhum. Mas de jeito nenhum.

Você diz: "Meu amor, cê anima de comer um tropeiro no Mineirão?". Resposta: "nem..." Ainda não entendeu? Uai, nem é nem. Leitor, você é meio burrinho ou é impressão? A propósito, um mineiro não pergunta: "você não vai?". A pergunta, mineiramente falando, seria: "cê não anima de ir"? Tão simples. O resto do Brasil complica tudo. É, ué, cês dão umas volta pra falar os trem... Certa vez pedi um exemplo e a interlocutora pensou alto: — Você quer que eu "dou" um exemplo? Eu sei, eu sei, a gramática não tolera esses abusos mineiros de conjugação. Mas que são uma gracinha, ah isso lá são. Ei, leitor, pára de babar. Que coisa feia. Olha o teclado todo molhado. Chega, não conto mais nada. Está bem, está bem, mas se comporte.

Falando em "ei...". As mineiras falam assim, usando, curiosamente, o "ei" no lugar do "oi". Você liga, e elas atendem lindamente: "eiiii!!!", com muitos pontos de exclamação, a depender da saudade... Tem tantos outros... O plural, então, é um problema. Um lindo problema, mas um problema. Sou, não nego, suspeito. Minha inclinação é para perdoar, com louvor, os deslizes vocabulares das mineiras. Aliás, deslizes nada. Só porque a língua é outra, não quer dizer que a oficial esteja com a razão. Se você, em conversa, falar: — Ah, fui lá comprar umas coisas...— Ques coisa? — ela retrucará. Acreditam? O plural dá um pulo. Sai das coisas e vai para o que.

Ouvi de uma menina culta um "pelas metade", no lugar de "pela metade". E se você acusar injustamente uma mineira, ela, chorosa, confidenciará: — Ele pôs a culpa "ni mim". A conjugação dos verbos tem lá seus mistérios, em Minas... Ontem, uma senhora docemente me consolou: "preocupa não, bobo!". E meus ouvidos, já acostumados às ingênuas conjugações mineiras nem se espantam. Talvez se espantassem se ouvissem um: "não se preocupe", ou algo assim. A fórmula mineira é sintética. e diz tudo. Até o tchau em Minas é personalizado. Ninguém diz tchau pura e simplesmente. Aqui se diz: "tchau pro cê", "tchau pro cês". É útil deixar claro o destinatário do tchau. O tchau, minha filha, é prôcê, não é pra outra entendeu?

Deve haver, por certo, outras expressões... A minha memória (que não ajuda muito) trouxe essas por enquanto. Estou, claro, aberto a sugestões. Como é uma pesquisa empírica, umas voluntárias ajudariam... Exigência: ser mineira. Conversando com linguistas, fui informado: é prudente que tenham cabelos pretos, espessos e lisos, aquela pele bem branquinha... Tudo, naturalmente, em nome da ciência. Bem, eu me explico: é que, características à parte, as conformações físicas influem no timbre e som da voz, e eu não posso, em honrados assuntos mineiros, correr o risco de ser inexato, entendem...

domingo, 11 de julho de 2010

Como está seu romance?

Diálogo 1:
“Como é que tu tá?”
Vai ver alguém hoje à noite?


Saiba que não estou aqui pra levantar o tom, nem o volume da voz. Já o fiz por tantas vezes que hoje digo para mim mesmo: “não mais”. Não temos mais nada em jogo aqui, não é mesmo? Já me ocupam cada centímetro do peito os mesmos sentimentos que eu vivia na ocasião em que te conheci. Sinto-os como se fossem inteiramente novos. A circunstância é outra, a pessoa é outra, e até o próprio sentimento assume diferentes formas. Mas ele me estufa o tórax com tal força que eu me sinto impelido a cuspir tudo fora, sem foco ou direção.

Eu tenho minhas convicções. Tinha. Quanto mais a vida avança, mais eu vou me acostumando a conjugar tudo no pretérito. É assim que te conjugo hoje. Olhar pra trás e ver-se contrariando todas as convicções que pareciam gravadas em pedra pode ser dolorido. E é, como em todas as vezes que assumimos nossos próprios erros. Eu tô passando por cima de muitas convicções, aqui. Eu tô quebrando uma porção de promessas infantis, também.

Mas quem sou eu, pra me contrariar?

Eu queria saltar de um avião e abrir o pára-quedas somente no último milésimo de segundo que me separaria da eternidade.
Mas aí alguém me chamou para planar.

Diálogo 2:
“Como é que tu tá?”
Eu quero te ver hoje à noite.

E eu não estou aqui para ser mais um capítulo insignificante no teu livro de contos. Já passeei por tantos livros mal-escritos que hoje me encarei no espelho antes de te ligar, dizendo: “não mais”. O nada que existe entre nós é tão perturbador que tenho medo de imaginar o que existe em jogo aqui. A folha está em branco. Essa relação disforme pode ter o significado que tiver, mas vai ser sempre superlativa em vários aspectos. Cabe a mim administrar na cabeça a responsabilidade de ter todas as fichas apostadas, sempre. Cabe a ti pegar na minha mão e jogar os dados.

O sentimento que eu pulverizo em forma de palavra escrita abre espaço no meu peito para o que é novo. Me pego falando sozinho, perguntando pra mim mesmo até quando eu consigo sustentar por debaixo da minha cara sisuda o sorriso que me rasga a face de fora a fora. Talvez se eu te mostrasse tudo, tu passaria por cima de mais umas convicções. O caminho é agridoce, e começa debaixo desses lençóis dos quais a gente hesita tanto em sair.

Como está o meu romance? Planando como o teu, e procurando ventos novos para jamais colocar os pés no chão novamente.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Nosso cérebro

Artigo do jornal o Estado de São Paulo
Por Airton Luiz Mendonça


O cérebro humano mede o tempo por meio da observação dos movimentos. Se alguém colocar você dentro de uma sala branca vazia, sem nenhuma mobília, sem portas ou janelas, sem relógio... você começará a perder noção do tempo. Por alguns dias, sua mente detectará a passagem do tempo sentindo as reações internas do seu corpo, incluindo os batimentos cardíacos, ciclos de sono, fome, sede e pressão sangüínea.

Isso acontece porque nossa noção de passagem do tempo deriva do movimento dos objetos, pessoas, sinais naturais e da repetição de eventos cíclicos, como o nascer e o pôr do sol. Compreendido este ponto, há outra coisa que você tem que considerar: nosso cérebro é extremamente otimizado. Ele evita fazer duas vezes o mesmo trabalho.

Um adulto médio tem entre 40 e 60 mil pensamentos por dia. Qualquer um de nós ficaria louco se o cérebro tivesse que processar conscientemente tal quantidade. Por isso, a maior parte destes pensamentos é automatizada e não aparece no índice de eventos do dia e, portanto, quando você vive uma experiência pela primeira vez, ele dedica muitos recursos para compreender o que está acontecendo. É quando você se sente mais vivo. Conforme a mesma experiência vai se repetindo, ele vai simplesmente colocando suas reações no modo automático e "apagando" as experiências duplicadas.

Se você entendeu estes dois pontos, já vai compreender porque parece que o tempo acelera, quando ficamos mais velhos e porque os Natais chegam cada vez mais rapidamente. Quando começamos a dirigir automóveis, tudo parece muito complicado, nossa atenção parece ser requisitada ao máximo.

Então, um dia dirigimos trocando de marcha, olhando os semáforos, lendo os sinais ou até falando ao celular ao mesmo tempo. Como acontece? Simples: o cérebro já sabe o que está escrito nas placas (você não lê com os olhos, mas com a imagem anterior, na mente); O cérebro já sabe qual marcha trocar (ele simplesmente pega suas experiências passadas e usa, no lugar de repetir realmente a experiência). Em outras palavras, você não vivenciou aquela experiência, pelo menos para a mente. Aqueles críticos segundos de troca de marcha, leitura de placa... São apagados de sua noção de passagem do tempo...

Quando você começa a repetir algo exatamente igual, a mente apaga a experiência repetida. Conforme envelhecemos, as coisas começam a se repetir - as mesmas ruas, pessoas, problemas, desafios, programas de televisão, reclamações... Enfim, as experiências novas (aquelas que fazem a mente parar e pensar de verdade, fazendo com que seu dia pareça ter sido longo e cheio de novidades), vão diminuindo. Até que tanta coisa se repete que fica difícil dizer o que tivemos de novidade na semana, no ano ou, para algumas pessoas, na década.

Em outras palavras, o que faz o tempo parecer que acelera é a... r-o-t-i-n-a. Não me entenda mal. A rotina é essencial para a vida e otimiza muita coisa, mas a maioria das pessoas ama tanto a rotina que, ao longo da vida, seu diário acaba sendo um livro de um só capítulo, repetido todos os anos.

Felizmente, há um antídoto para a aceleração do tempo: M & M (Mude e Marque). Mude, fazendo algo diferente e marque, fazendo um ritual, uma festa ou registros com fotos. Mude de paisagem, tire férias com a família (sugiro que você tire férias sempre e, preferencialmente, para um lugar quente, humano, e frio no seguinte) e marque com fotos, cartões postais e cartas.

Faça festas de noivado, casamento, 15 anos, bodas disso ou daquilo, bota-foras, participe do aniversário de formatura de sua turma, visite parentes distantes, entre na universidade com 60 anos, troque a cor do cabelo, deixe a barba, tire a barba, compre enfeites diferentes no Natal, vá a shows, cozinhe uma receita nova, tirada de um livro novo. Escolha roupas diferentes, não pinte a casa da mesma cor, faça diferente.

Beije diferente sua paixão e viva com ela momentos diferentes. Vá a mercados diferentes, leia livros diferentes, busque experiências diferentes. Seja diferente. Se você tiver dinheiro, especialmente se já estiver aposentado, vá com seu marido, esposa ou amigos para outras cidades ou países, veja outras culturas, visite museus estranhos, deguste pratos esquisitos... em outras palavras... V-I-V-A. Porque se você viver intensamente as diferenças, o tempo vai parecer mais longo.

Cerque-se de amigos. Amigos com gostos diferentes, vindos de lugares diferentes, com religiões diferentes e que gostam de comidas diferentes. Enfim, acho que você já entendeu o recado, não é? Boa sorte emsuas experiências para expandir seu tempo, com qualidade, emoção, rituais e vida.

"As maiores batalhas da vida são travadas diariamente, nos silenciosos compartimentos da alma" - David O. Mckay - .

domingo, 20 de junho de 2010

On the road...


Falemos então, mais uma vez, de escolhas. Caminhos. Opiniões. Ideias e ideais. Extremos. Sempre haverão aqueles que tentarão lhe persuadir; sempre haverão aqueles que tentarão lhe consumir; sempre haverão aqueles que irão lhe fazer sorrir. Por mais longe que se esteja, por mais impossível que pareça, "tudo vale a pena quando a alma não é pequena".

Eu continuo. Caminho. Vou adiante...

Agradeço aos meus 3 ou 4 fiéis leitores, que passam sempre por aqui, e aqueles que as vezes, sem propósitos, acabam por encontrar minha página. Sejam bemvindos, fiquem à vontade, compartilhem opiniões ou questionem as minhas. Do que são feitas a internet e as relações se não de uma troca?

Se quiser, me acompanha aqui Jocemar ou aqui jczulian.
Vai ser um prazer, folks!

sábado, 19 de junho de 2010

Deixa rolar!

Li uma entrevista com o escritor e jornalista português Vasco Valente, onde ele afirma que passamos a vida tentando conter a tendênciar para a desordem. Se ficássemos passivos diante da vida, sem mexer um dedo para nada, um belo dia acordaríamos falidos, com a energia elétrica cortada e um monte de gente magoada a nossa volta. Conclui ele: "O que cada um de nós tenta fazer, cada um à sua maneira, é tentar conter o descalabro."

A visão dele é meio apocalíptica - desordem, descalabro! -, mas, relativizando o exagero, é bem assim mesmo: passamos a vida tentando organizar o caos. Trabalhamos para ter dinheiro, respeitamos as leis, usamos o telefone para manter laços com a família e procuramos amar uma única pessoa para sossegar as aflições do coração, sempre tão inquieto. E mesmo fazendo tudo certo, e mesmo correndo contra o relógio e contribuindo para o bem-estar geral, às vezes dá tudo errado. É quando surge alguém não sei de onde, percebe o nosso stress e dá aquele conselho-curinga que serve para todas as ocasiões: deixa rolar.

Sempre que eu deixei rolar, não aconteceu nada. Nada de positivo, nada de negativo. Nada. De vez em quando eu até deixo rolar, mas só para obter um breve momento de descanso em que parece que saí de férias da vida. É uma auto-hipnose: estou dormindo, não estou aqui, não estou vendo coisa alguma. Quando a desordem e o descalabro voltam a ameaçar, eu conto um, dois, três, estalo os dedos e a engrenagem volta a funcionar, de novo.

Deixar rolar é um conselho que não consigo seguir por mais de uma tarde. Tenho essa mania estúpida de querer participar de tudo o que me acontece. Se eu me dei bem, a responsabilidade é minha e se me dei mal, é minha também. Não entrego nada completamente a Deus. Não uso nem serviço de motoboy. Eu mesmo respondo aos e-mails, atendo os telefonemas, eu mesmo cobro, eu mesmo pago. Delego pouco, e apenas para gente em quem confio às cegas. Nunca pra esse tal de destino, que eu nem conheço.

Só entro em estado de passividade quando não depende mais de mim. E só deixo rolar aquilo que não me interessa mais. O problema? É que tudo, absolutamente tudo, me interessa!

(Texto modificado - Original de Martha Medeiros)

quinta-feira, 17 de junho de 2010

O grito

Não sei o que está acontecendo comigo, diz a paciente ao psiquiatra.
Ela sabe.

Não sei se gosto mesmo da minha namorada, diz um amigo para o outro.
Ele sabe.

Não sei se quero continuar com a vida que tenho, pensamos em silêncio.
Sabemos, sim.

Sabemos tudo o que sentimos porque algo dentro de nós grita. Tentamos abafar esse grito com conversas tolas, eculubrações, esoterismo, leituras dinâmicas, namoros virtuais, mas não importa o método que iremos utilizar para procurar uma verdade que se encaixe nos nossos planos: será infrutífero. A verdade já está dentro, a verdade impõe-se, fala mais alto que nós, ela grita.

Sabemos se amamos ou não alguém, mesmo que esteja escrito que é um amor que não serve, que nos rejeita, um amor que não vai resultar em nada. Costumamos desviar este amor para outro amor, um amor aceitável, fácil, sereno. Podemos dar todas as provas ao mundo de que não amamos uma pessoa e amamo outra, mas sabemos, lá dentro, quem é que está no controle.

A verdade grita. Provoca febres, salta aos olhos, desenvolve úlceras. Nosso corpo é a casa da verdade, lá de dentro vêm todas as informações que passarão por uma triagem particular: algumas verdades a gente deixa sair; outra, a gente aprisiona. Mas a verdade é só uma: ninguém tem dúvida sobre si mesmo.

Podemos passar anos nos dedicando a um emprego sabendo que ele não nos trará recompensa emocional. Podemos conviver com uma pessoa mesmo sabendo que ela não merece confiança. Fazemos essas escolhas por serem as mais sensatas ou práticas, mas nem sempre elas estão de acordo com os gritos de dentro, aqelas vozes que dizem: vá por este caminho, se prefereir, mas você nasceu para o caminho oposto. Até mesmo a felicidade, tão propagada, pode ser uma opção contrária ao que intimamente desejamos. Você cumpre o ritual todinho, faz tudo como é esperado e é feliz, puxa!, como é feliz. E o grito lá dentro: mas você não queria ser feliz, queria viver!

Eu não sei se teria coragem de jogar tudo para o alto.
Sabe.

Eu não sei por que eu sou assim.
SABE!

sábado, 12 de junho de 2010

Meu candidato a presidente

Ele, ou ela, tem entre 40 e 60 anos, talvez um pouco menos ou pouco mais, a chamada meia-idade, em que já se fizeram algumas besteiras e por conta delas sabe-se o que vale a pena e o que não vale nessa vida.

Nasceu no Norte ou no Sul, não importa, desde que tenha estudado, e sef oi em escola pública ou privada, também não importa, desde que tenha lido muito na juventude e mantido o hábito até hoje, e que através da leitura tenha descoberto que o mundo é injusto, mas não está estragado para sempre, que um pouco de idealismo é necessário, mas só um pouco, e que coisas como bom senso e sensibilidade não precisam sobreviver apenas na ficção.

Ele, ou ela, é prático, objetivo e bem-humorado, mas não é idiota. Está interessado em ter parceiros que governem como quem opera, como quem advoga, como quem canta, como quem leciona: com profissionalismo e voltado para o bem do outro, e que o dinheiro seja um pagamento pelos serviços prestados, não um meio ilícito de enriquecer. Alianças, ele quer fazer com todos os setores da sociedade, e basta, e já é muito.

Ele, ou ela, sabe comunicar-se porque seu ofício exige isso, mas comunicar-se é dizer o que pensa e o que faz, e como faz, e por que faz, e se ele possui ou não carisma, é uma questão de sorte, se calhar até tem. Mas não é bonito nem feio: é inteligente. Não é comunista nem neoliberal: é sensato. Não é coronelista nem ex-estudante de Harvard: é honesto.

Meu candidato, ou candidata, é casado, ou solteiro, ou ajuntado, ou gay, pode ter filhos ou não: problema dele. Paga os impostos em dia, tem orgulho suficiente para zelar por seu currículo, possui um projeto realista e bem traçado, e não está muito interessado em ser moderno, mas em ser útil.

Meu candidato, ou candidata, é católico, evangélico, ateu, budista, não sei, não é da minha conta. É avançado quando se trata de melhorar as condições de vida das minorias estigmatizadas e das maiorias excluídas, e é retrógrado em questão de finanças: só gasta o que tem em caixa, e não tem duas.

Ele, ou ela, é uma pessoa que tem ideias praticáveis, que aceita as boas sugestões vindas de outros partidos, que não tem vergonha de não ser malandro e sim vergonha de pertencer a uma classe tão desprovida de credibilidade, e tenta revertir isso cumprindo sua missão, que é curta, e sendo curta ele concentra nela todos os seus esforços.

Pronto. Abri meu voto.


(Martha Medeiros - Crônica presente no livro Montanha-russa)

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Exagero


Não lembro quem falou, mas lembro como gostei: “Todo exagero é uma forma de ficção”. Quem de nós não é ficcionista nessa vida? Reclamo porque provocaram um rombo no sofá, e foi apenas uma brasa de cigarro que caiu e fez um furinho deste tamanhozinho, mas, puxa, eu enxergo um rombo. O prejuízo é de um rombo. E a minha bronca também é grande.

Me olho no espelho e me acho obeso. Na verdade engordei meio quilo, mas ele não se espalhou democraticamente de norte a sul, ficou concentrado numa região que já estava bem suprida, tal como acontece com a distribuição de renda do país, então meio quilo a mais, no mesmo lugar, é uma injustiça, uma canalhice, um desaforo.

Eu não sinto frio: eu morro de frio. Grito pela casa: que friiiiiiiio! Aí ligo o ar-condicionado e ressuscito um pouquinho, mas não tiro nenhum dos quatro blusões que estou vestindo. Cobertores, são vários. E durmo com meias, que retiro na calada da noite sem nem mesmo acordar. Morro de frio e ainda por cima sou sonâmbulo.

Isso quando eu consigo dormir oito horas por noite, o que é raro. Geralmente durmo bem menos que isso, e aí o que acontece? Eu não fico apenas devagar, como ficam as outras pessoas. Eu fico enlouquecido de sono e podre de cansado. Louco de sono significa que eu fico cabeceando no sofá, e quando dou por mim o William Bonner já disse boa-noite-até-amanhã e eu perdi a previsão do tempo. E podre de cansado é podre mesmo, deteriorado, murcho, sem serventia. Um lixo.

Mas isso são exceções. Na maioria das vezes, eu estou não apenas alegre, mas pulando de felicidade. Sinto por dentro a adrenalina correndo pelas veias, meu sorriso fica escancarado no rosto e começo a achar tudo bárbaro. Porque sou assim, extremado.

Morder a língua é uma desgraça. Perder um episódio de American Idol é um pecado. Uma mulher bonita é uma tentação do demônio. Um atraso de meros 10 minutos, pra mim, é o fim do mundo. E qualquer crítica me deixa de coração partido. Portanto, melhor gostar de mim, senão você é alguém morto.

Dia dos Namorados? Balela!

O texto a seguir é de autoria do ator Marcelo Médici, publicado hoje no site Uol. Como concordei com tudo, resolvi postá-lo. Vai dizer que não é a mais pura verdade?

Namorar pra quê?
Para solteiros, Dia dos Namorados não é motivo de tristeza; veja algumas vantagens

Uma de minhas músicas prediletas é “My Funny Valentine”. Aqui no Brasil, o Dia dos Namorados cai no dia 12 de junho, ou seja, uma data geminiana (lembram de um adesivo de carro que dizia: “Gêmeos, tô fora?”). Perguntar “qual é o seu signo?” continua sendo uma das primeiras etapas de qualquer começo de namoro.

Muita gente se sente triste quando essa data se aproxima: Não estou namorando... Será que tenho algum problema? Será que sou chato? Será que estou barrigudo? Será que apesar de alguns fios de cabelo brancos, não tenho maturidade para manter uma relação? Será que ganho pouco?

Esse tipo de pressão é comum. Quem não fica culpado no Natal? Pinta sempre aquela autocobrança de ter que ligar para todos os amigos, retornar todos os e-mails natalinos com aquele Papai Noel dançarino, comprar cartões solidários, e claro: a ceia de Natal em família. Se acabar na casa de amigos então, pior. Invasor de Natal alheio.

E Ano Novo? Quem não se sente obrigado a pensar que o ano que passou foi difícil, mas o ano que está chegando será sensacional? Roupa branca, praia muvucada, estradas paradas, aeroportos lotados e a obrigação de ficar histericamente feliz.

No Dia dos Namorados vivenciamos uma cobrança menor, só que mais sufocante... É a expectativa da noite perfeita, inesquecível. Sempre digo que uma grande expectativa é prima-irmã da decepção. É sempre aquela coisa idealizada, que dificilmente corresponde com qualquer realidade.

No Twitter muita gente já está anunciando que entrará em depressão porque não está namorando. Nada disso! Pensem comigo: Você que não está namorando não vai precisar encarar um shopping pra comprar presente, não vai precisar passar o dia fazendo voz de ursinho carinhoso no telefone, e o melhor de tudo: não vai ficar três horas segurando o bip do Outback esperando uma mesa...

Sair nesse dia para se aproveitar da situação é uma opção, mas cuidado... A data é muito representativa! Ficar com alguém exatamente nessa data pode denotar um compromisso sério, um encontro que "estava escrito", etc.

Mestre Chico Buarque já disse que mesmo que os romances sejam falsos, não importa, são bonitas as canções. Acredito que um namoro possa até durar para sempre, desde que seguindo o conselho da música que citei acima: É preciso que as pessoas envolvidas façam com que todos os dias sejam o Dia dos Namorados.

Resumindo: é melhor estar solteiro no Dia dos Namorados do que namorando no Carnaval!

sábado, 5 de junho de 2010

Reflexão do dia:


Um dia, quando menos se espera, a gente se supera.
E chega mais perto de ser quem, na verdade, a gente é.


Tentar

Sabe como é, tanta coisa acontece que as vezes não dá nem tempo de processar tudo. Informações? Essas chegam em questão de segundos, embora nem todas nos façam bem, embora nem todas a gente realmente faça questão de ter. Passam pessoas, notas soltas pelo ar e momentos que daria para congelar. Outros, daria para despejar ralo abaixo e nunca mais lembrar.

Sei lá, o tempo vai passando e eu vou percebendo tanto que eu já perdi, tanto que eu já vivi, tanto que eu ainda espero por encontrar. Enquanto isso, vou me encontrando em becos escuros da minha própria solidão, aquela solidão vivida por opção e que tanto bem me traz. Me traz paz, silêncio, ócio criativo e muita história que certamente eu não contar para ninguém. Não vou contar, mas eu vivi!

Não sei porque existe tanta competição em "se mostrar" hoje. Todos precisam contar o que fizeram ontem e o que vão fazer amanhã. Eu prefiro o meu mundinho, o meu esconderijo, a minha maneira de ver e viver a vida. Não preciso mostrar, ostentar e nem exaltar. Não pense que eu vivo recluso. Eu só vou continuar tentando...

Sabe aquela história aonde um cara aparentemente tímido, incrivelmente inteligente e insuportavelmente desapegado tem os seus momentos de click, entra em uma cabine telefônica e sai de lá para salvar o mundo? Eu só continuo tentando...

domingo, 23 de maio de 2010

Que tempo é esse?

É tempo de lutar.

Primeiro passou o sinal vermelho. Depois o relógio que marcava quatro e quarenta e dois da manhã. Em seguida olhei a pista vazia e as luzes apagadas nos prédios. No céu as estrelas não brilhavam tanto. Me deu vontade de parar e começar de novo.

Tem vezes que a gente pensa que não deve fazer algo, que não pode, que não é capaz e depois quando criamos coragem e colocamos em prática é que percebemos que já poderíamos ter feito antes. Em alguns casos, já deveríamos ter feito muito antes. Mas quando nos falta coragem e o medo toma o lugar dos sentimentos que alimentamos, a culpa e a insegurança acabam nos cegando para as coisas mais especiais da vida e deixamos o tempo e algumas oportunidades passarem.

Não há mais um segundo a perder, o momento é AGORA e basta olhar para dentro e perceber que existe uma energia enorme pronta para ser utilizada a nosso favor. Pegue essa energia e faça com que as coisas aconteçam. É assim que tem que ser. Não importa o que vão lhe dizer.

Muitos tentarão lhe persuadir da escolha pelo seu sonho.
Ignore e vá adiante, enfrente de cabeça erguida.
O que é de valor não vem fácil.

Sou grato por todas as novas oportunidades que venho recebendo, grato pela chance de recomeçar algumas relações, de manter outras e grato também por ter percebido alguns dos que parasitaram minhas conquistas e depois viraram as costas. Há muito pela frente e ainda estarei vivo quando meus inimigos levantarem a bandeira branca pedindo PAZ.

É o que me guia. É o que mostra que, por mais difícil que pareça, no final vai ter fundamento. Pelo menos pra mim, e é isso que importa.

domingo, 16 de maio de 2010

Destino

Quem sabe se o destino está traçado?
Cada dia que nasce é uma folha em branco,
nuvens ao vento
Vejo falsos profetas, com falsas promessas
Algemando o pensamento
Sigo em frente, cabeça erguida.

Parceiro de Deus e dos anjos
Não compus a minha vida
Mas posso fazer um arranjo.

Quem sabe se o destino está traçado?
Sou guerreiro da paz, vou lutando com fé
Contra todo mal
Vou fazendo minha parte na vida e na arte
Nesse mundo desigual...

Eu quero um mundo melhor
O amor é o principio de tudo
Quem soubesse que o amor pode melhorar o mundo!?

Quem sabe se o destino está traçado?
Com o erro sempre aprendo;
Com a perda sempre ganho;
Com meus filhos vou vivendo,
Vou em busca dos meus sonhos.

Buscando em cada compasso o dono dessa poesia
Construo essa melodia
E o destino é o meu lugar...
Quem sabe se o destino está traçado?

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Para lembrar pra sempre...

Nos créditos finais de "O mundo imaginário do Dr. Parnassus", antes mesmo do nome do diretor Terry Gilliam, sobe a frase "Um filme de Heath Ledger e seus amigos". A homenagem é uma reverência ao ator, que morreu em janeiro de 2008, meses antes de o filme ser concluído.

Mais que o último parágrafo em seu epitáfio, no entanto, "Dr. Parnassus" é uma evidência ao talento do astro de "O segredo de Brokeback mountain". À vontade na tela, Ledger parece livre do suposto esgotamento emocional pelo papel de Coringa em "Batman - O cavaleiro das trevas", que estreou seis meses antes de sua morte.

"O mundo imaginário do Dr. Parnassus" parte da chegada de um forasteiro, o desmemoriado Tony (vivido por Ledger), à trupe do Dr. Parnassus, interpretado pelo veterano Christopher Plummer. O grupo de teatro mambembe encena na Londres contemporânea espetáculos que leem a mente de seus espectadores. Só que o poder que permite a Parnassus interpretar o inconsciente de sua plateia e deslumbrá-la vem de um pacto de imortalidade feito com o Diabo.

O pagamento do combinado é a posse da filha de Parnassus (na pele da novata Lily Cole) assim que ela complete 16 anos - a não ser que a trupe consiga capturar cinco almas antes da data. Tenso com a possibilidade de ver sua herdeira nas mãos do demônio, Parnassus aceita modernizar seus shows para amealhar as almas necessárias e sofre com a exigência cada vez maior de penetrar mentes alheias.

O passeio pelos devaneios da plateia é a deixa para Gilliam (diretor também de "Os doze macacos", "Brazil - O filme" e responsável pelas animações do seriado cômico "Monty Python") desfilar seu notório apreço pela psicodelia. O visual caprichado garantiu ao filme indicações aos Oscar de direção de arte e figurino em 2009.

"Dr. Parnassus" é repleto de paisagens deslumbrantes e perturbadoras, que lembram obras de arte. Há cenas que trazem à mente desde quadros de Dalí (as quilométricas escadas de uma das perfomances oníricas da trupe se assemelham às patas de mosquito dos elefantes do artista) até pinturas de Bosch (os cenários em que o Diabo trava contato com Tony se parecem com o inferno de "O jardim das delícias terrenas").

Ledger se sai bem no papel do homem que chega à companhia de Parnassus querendo esconder seu passado e passa maus bocados tentando sustentar suas mentiras. Mas a lisergia estética de Gilliam não sustenta o roteiro na ausência do ator. Para substituí-lo, o diretor acionou Johnny Depp, Jude Law e Colin Farrell, que se revezam nas cenas finais, assumindo o papel do protagonista e conferindo um ar ainda mais amalucado à já insana história. Dá para notar a perda no rumo da trama, como se o filme perdesse fôlego e sentido rumo a seu encerramento.


Contudo, Dr. Parnassus já é visto, por muitos críticos, como uma "obra-prima dos tempos atuais." O que fica é o sentimento de que Ledger, gênio, fez do seu último papel nas telas mais um marco na história do cinema mundial.
Confira o trailer:

(Texto modificado - Original em G1)