segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Como terminam as relações - e os sentimentos

Filme: Os Descendentes
Nota: 8

Assim que o trailer foi divulgado, todo mundo só falava no potencial vencedor de muitos Oscars. Com direção do incrível Alexander Payne, Os Descendentes prometia uma visão geral, com tons filosóficos, sobre relacionamentos, família e traição. Mas, decepcionou.

Um inspirado George Clooney dá vida à Matt King, um marido indiferente e pai de duas meninas, que é forçado a re-examinar seu passado e abraçar seu futuro depois que sua esposa sofre um acidente de barco em Waikiki, no Hawaii. O trágico acontecimento acaba por aproximar Matt das filhas, a amável Scottie (Amara Miller) e a temperamental Alexandra (Shailene Woodley), que o ajudam na difícil decisão de vender um terreno herdado da família.


Mas, como o personagem fala no início do filme, "não se deixe enganar pelas aparências". Vale também a máxima de que "nada é tão ruim que não possa piorar". A traição da mulher o leva a caminhos tortuosos, ao descobrir segredos sobre o amante que o envolvem em uma série de problemas.

Apesar de toda pompa, o filme não cumpre o que promete. E é triste, extremamente triste. Quando sai da sala de exibição, naquele dia, fiquei arrasado. A história toca em alguns pontos cruciais e que já passaram pela cabeça de qualquer um, como o dilema de ter que se despedir das pessoas importantes de nossas vidas, que por vezes são tiradas de nosso convívio abruptamente.

A cena em que George aparece correndo de chinelo pelas ruas da sua vizinhança é a antítese da corrida tecnicamente perfeita de um Tom Cruise, e as lágrimas que ele derrama ao dizer adeus a sua mulher por si só já valeriam uma indicação à estatueta dourada. O ator levou o Globo de Ouro 2012, na categoria Melhor Ator de Drama, mas passou longe do cobiçado Oscar.

Os destaques ficam por conta da atuação de Nick Krause, como Sid, o namoradinho da filha mais velha de Matt, e da trilha sonora, que casa perfeitamente com as oscilações na vida do herói da história. Com um enredo um tanto quanto arrastado, humor e tristeza se alternam sem ao menos dar tempo para o espectador assimilar o que acabou de acontecer.

Contudo, o filme arrebatou a estatueta na categoria Melhor Roteiro Adaptado. Com uma fotografia peculiar, onde luzes e sombras se alternam como os sentimentos dos protagonistas, Os Descendentes é um filme razoável, que vale para uma daquelas noites de sábado, sem nada para fazer. Uma pena, pois poderia ser muito mais.