domingo, 20 de junho de 2010

On the road...


Falemos então, mais uma vez, de escolhas. Caminhos. Opiniões. Ideias e ideais. Extremos. Sempre haverão aqueles que tentarão lhe persuadir; sempre haverão aqueles que tentarão lhe consumir; sempre haverão aqueles que irão lhe fazer sorrir. Por mais longe que se esteja, por mais impossível que pareça, "tudo vale a pena quando a alma não é pequena".

Eu continuo. Caminho. Vou adiante...

Agradeço aos meus 3 ou 4 fiéis leitores, que passam sempre por aqui, e aqueles que as vezes, sem propósitos, acabam por encontrar minha página. Sejam bemvindos, fiquem à vontade, compartilhem opiniões ou questionem as minhas. Do que são feitas a internet e as relações se não de uma troca?

Se quiser, me acompanha aqui Jocemar ou aqui jczulian.
Vai ser um prazer, folks!

sábado, 19 de junho de 2010

Deixa rolar!

Li uma entrevista com o escritor e jornalista português Vasco Valente, onde ele afirma que passamos a vida tentando conter a tendênciar para a desordem. Se ficássemos passivos diante da vida, sem mexer um dedo para nada, um belo dia acordaríamos falidos, com a energia elétrica cortada e um monte de gente magoada a nossa volta. Conclui ele: "O que cada um de nós tenta fazer, cada um à sua maneira, é tentar conter o descalabro."

A visão dele é meio apocalíptica - desordem, descalabro! -, mas, relativizando o exagero, é bem assim mesmo: passamos a vida tentando organizar o caos. Trabalhamos para ter dinheiro, respeitamos as leis, usamos o telefone para manter laços com a família e procuramos amar uma única pessoa para sossegar as aflições do coração, sempre tão inquieto. E mesmo fazendo tudo certo, e mesmo correndo contra o relógio e contribuindo para o bem-estar geral, às vezes dá tudo errado. É quando surge alguém não sei de onde, percebe o nosso stress e dá aquele conselho-curinga que serve para todas as ocasiões: deixa rolar.

Sempre que eu deixei rolar, não aconteceu nada. Nada de positivo, nada de negativo. Nada. De vez em quando eu até deixo rolar, mas só para obter um breve momento de descanso em que parece que saí de férias da vida. É uma auto-hipnose: estou dormindo, não estou aqui, não estou vendo coisa alguma. Quando a desordem e o descalabro voltam a ameaçar, eu conto um, dois, três, estalo os dedos e a engrenagem volta a funcionar, de novo.

Deixar rolar é um conselho que não consigo seguir por mais de uma tarde. Tenho essa mania estúpida de querer participar de tudo o que me acontece. Se eu me dei bem, a responsabilidade é minha e se me dei mal, é minha também. Não entrego nada completamente a Deus. Não uso nem serviço de motoboy. Eu mesmo respondo aos e-mails, atendo os telefonemas, eu mesmo cobro, eu mesmo pago. Delego pouco, e apenas para gente em quem confio às cegas. Nunca pra esse tal de destino, que eu nem conheço.

Só entro em estado de passividade quando não depende mais de mim. E só deixo rolar aquilo que não me interessa mais. O problema? É que tudo, absolutamente tudo, me interessa!

(Texto modificado - Original de Martha Medeiros)

quinta-feira, 17 de junho de 2010

O grito

Não sei o que está acontecendo comigo, diz a paciente ao psiquiatra.
Ela sabe.

Não sei se gosto mesmo da minha namorada, diz um amigo para o outro.
Ele sabe.

Não sei se quero continuar com a vida que tenho, pensamos em silêncio.
Sabemos, sim.

Sabemos tudo o que sentimos porque algo dentro de nós grita. Tentamos abafar esse grito com conversas tolas, eculubrações, esoterismo, leituras dinâmicas, namoros virtuais, mas não importa o método que iremos utilizar para procurar uma verdade que se encaixe nos nossos planos: será infrutífero. A verdade já está dentro, a verdade impõe-se, fala mais alto que nós, ela grita.

Sabemos se amamos ou não alguém, mesmo que esteja escrito que é um amor que não serve, que nos rejeita, um amor que não vai resultar em nada. Costumamos desviar este amor para outro amor, um amor aceitável, fácil, sereno. Podemos dar todas as provas ao mundo de que não amamos uma pessoa e amamo outra, mas sabemos, lá dentro, quem é que está no controle.

A verdade grita. Provoca febres, salta aos olhos, desenvolve úlceras. Nosso corpo é a casa da verdade, lá de dentro vêm todas as informações que passarão por uma triagem particular: algumas verdades a gente deixa sair; outra, a gente aprisiona. Mas a verdade é só uma: ninguém tem dúvida sobre si mesmo.

Podemos passar anos nos dedicando a um emprego sabendo que ele não nos trará recompensa emocional. Podemos conviver com uma pessoa mesmo sabendo que ela não merece confiança. Fazemos essas escolhas por serem as mais sensatas ou práticas, mas nem sempre elas estão de acordo com os gritos de dentro, aqelas vozes que dizem: vá por este caminho, se prefereir, mas você nasceu para o caminho oposto. Até mesmo a felicidade, tão propagada, pode ser uma opção contrária ao que intimamente desejamos. Você cumpre o ritual todinho, faz tudo como é esperado e é feliz, puxa!, como é feliz. E o grito lá dentro: mas você não queria ser feliz, queria viver!

Eu não sei se teria coragem de jogar tudo para o alto.
Sabe.

Eu não sei por que eu sou assim.
SABE!

sábado, 12 de junho de 2010

Meu candidato a presidente

Ele, ou ela, tem entre 40 e 60 anos, talvez um pouco menos ou pouco mais, a chamada meia-idade, em que já se fizeram algumas besteiras e por conta delas sabe-se o que vale a pena e o que não vale nessa vida.

Nasceu no Norte ou no Sul, não importa, desde que tenha estudado, e sef oi em escola pública ou privada, também não importa, desde que tenha lido muito na juventude e mantido o hábito até hoje, e que através da leitura tenha descoberto que o mundo é injusto, mas não está estragado para sempre, que um pouco de idealismo é necessário, mas só um pouco, e que coisas como bom senso e sensibilidade não precisam sobreviver apenas na ficção.

Ele, ou ela, é prático, objetivo e bem-humorado, mas não é idiota. Está interessado em ter parceiros que governem como quem opera, como quem advoga, como quem canta, como quem leciona: com profissionalismo e voltado para o bem do outro, e que o dinheiro seja um pagamento pelos serviços prestados, não um meio ilícito de enriquecer. Alianças, ele quer fazer com todos os setores da sociedade, e basta, e já é muito.

Ele, ou ela, sabe comunicar-se porque seu ofício exige isso, mas comunicar-se é dizer o que pensa e o que faz, e como faz, e por que faz, e se ele possui ou não carisma, é uma questão de sorte, se calhar até tem. Mas não é bonito nem feio: é inteligente. Não é comunista nem neoliberal: é sensato. Não é coronelista nem ex-estudante de Harvard: é honesto.

Meu candidato, ou candidata, é casado, ou solteiro, ou ajuntado, ou gay, pode ter filhos ou não: problema dele. Paga os impostos em dia, tem orgulho suficiente para zelar por seu currículo, possui um projeto realista e bem traçado, e não está muito interessado em ser moderno, mas em ser útil.

Meu candidato, ou candidata, é católico, evangélico, ateu, budista, não sei, não é da minha conta. É avançado quando se trata de melhorar as condições de vida das minorias estigmatizadas e das maiorias excluídas, e é retrógrado em questão de finanças: só gasta o que tem em caixa, e não tem duas.

Ele, ou ela, é uma pessoa que tem ideias praticáveis, que aceita as boas sugestões vindas de outros partidos, que não tem vergonha de não ser malandro e sim vergonha de pertencer a uma classe tão desprovida de credibilidade, e tenta revertir isso cumprindo sua missão, que é curta, e sendo curta ele concentra nela todos os seus esforços.

Pronto. Abri meu voto.


(Martha Medeiros - Crônica presente no livro Montanha-russa)

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Exagero


Não lembro quem falou, mas lembro como gostei: “Todo exagero é uma forma de ficção”. Quem de nós não é ficcionista nessa vida? Reclamo porque provocaram um rombo no sofá, e foi apenas uma brasa de cigarro que caiu e fez um furinho deste tamanhozinho, mas, puxa, eu enxergo um rombo. O prejuízo é de um rombo. E a minha bronca também é grande.

Me olho no espelho e me acho obeso. Na verdade engordei meio quilo, mas ele não se espalhou democraticamente de norte a sul, ficou concentrado numa região que já estava bem suprida, tal como acontece com a distribuição de renda do país, então meio quilo a mais, no mesmo lugar, é uma injustiça, uma canalhice, um desaforo.

Eu não sinto frio: eu morro de frio. Grito pela casa: que friiiiiiiio! Aí ligo o ar-condicionado e ressuscito um pouquinho, mas não tiro nenhum dos quatro blusões que estou vestindo. Cobertores, são vários. E durmo com meias, que retiro na calada da noite sem nem mesmo acordar. Morro de frio e ainda por cima sou sonâmbulo.

Isso quando eu consigo dormir oito horas por noite, o que é raro. Geralmente durmo bem menos que isso, e aí o que acontece? Eu não fico apenas devagar, como ficam as outras pessoas. Eu fico enlouquecido de sono e podre de cansado. Louco de sono significa que eu fico cabeceando no sofá, e quando dou por mim o William Bonner já disse boa-noite-até-amanhã e eu perdi a previsão do tempo. E podre de cansado é podre mesmo, deteriorado, murcho, sem serventia. Um lixo.

Mas isso são exceções. Na maioria das vezes, eu estou não apenas alegre, mas pulando de felicidade. Sinto por dentro a adrenalina correndo pelas veias, meu sorriso fica escancarado no rosto e começo a achar tudo bárbaro. Porque sou assim, extremado.

Morder a língua é uma desgraça. Perder um episódio de American Idol é um pecado. Uma mulher bonita é uma tentação do demônio. Um atraso de meros 10 minutos, pra mim, é o fim do mundo. E qualquer crítica me deixa de coração partido. Portanto, melhor gostar de mim, senão você é alguém morto.

Dia dos Namorados? Balela!

O texto a seguir é de autoria do ator Marcelo Médici, publicado hoje no site Uol. Como concordei com tudo, resolvi postá-lo. Vai dizer que não é a mais pura verdade?

Namorar pra quê?
Para solteiros, Dia dos Namorados não é motivo de tristeza; veja algumas vantagens

Uma de minhas músicas prediletas é “My Funny Valentine”. Aqui no Brasil, o Dia dos Namorados cai no dia 12 de junho, ou seja, uma data geminiana (lembram de um adesivo de carro que dizia: “Gêmeos, tô fora?”). Perguntar “qual é o seu signo?” continua sendo uma das primeiras etapas de qualquer começo de namoro.

Muita gente se sente triste quando essa data se aproxima: Não estou namorando... Será que tenho algum problema? Será que sou chato? Será que estou barrigudo? Será que apesar de alguns fios de cabelo brancos, não tenho maturidade para manter uma relação? Será que ganho pouco?

Esse tipo de pressão é comum. Quem não fica culpado no Natal? Pinta sempre aquela autocobrança de ter que ligar para todos os amigos, retornar todos os e-mails natalinos com aquele Papai Noel dançarino, comprar cartões solidários, e claro: a ceia de Natal em família. Se acabar na casa de amigos então, pior. Invasor de Natal alheio.

E Ano Novo? Quem não se sente obrigado a pensar que o ano que passou foi difícil, mas o ano que está chegando será sensacional? Roupa branca, praia muvucada, estradas paradas, aeroportos lotados e a obrigação de ficar histericamente feliz.

No Dia dos Namorados vivenciamos uma cobrança menor, só que mais sufocante... É a expectativa da noite perfeita, inesquecível. Sempre digo que uma grande expectativa é prima-irmã da decepção. É sempre aquela coisa idealizada, que dificilmente corresponde com qualquer realidade.

No Twitter muita gente já está anunciando que entrará em depressão porque não está namorando. Nada disso! Pensem comigo: Você que não está namorando não vai precisar encarar um shopping pra comprar presente, não vai precisar passar o dia fazendo voz de ursinho carinhoso no telefone, e o melhor de tudo: não vai ficar três horas segurando o bip do Outback esperando uma mesa...

Sair nesse dia para se aproveitar da situação é uma opção, mas cuidado... A data é muito representativa! Ficar com alguém exatamente nessa data pode denotar um compromisso sério, um encontro que "estava escrito", etc.

Mestre Chico Buarque já disse que mesmo que os romances sejam falsos, não importa, são bonitas as canções. Acredito que um namoro possa até durar para sempre, desde que seguindo o conselho da música que citei acima: É preciso que as pessoas envolvidas façam com que todos os dias sejam o Dia dos Namorados.

Resumindo: é melhor estar solteiro no Dia dos Namorados do que namorando no Carnaval!

sábado, 5 de junho de 2010

Reflexão do dia:


Um dia, quando menos se espera, a gente se supera.
E chega mais perto de ser quem, na verdade, a gente é.


Tentar

Sabe como é, tanta coisa acontece que as vezes não dá nem tempo de processar tudo. Informações? Essas chegam em questão de segundos, embora nem todas nos façam bem, embora nem todas a gente realmente faça questão de ter. Passam pessoas, notas soltas pelo ar e momentos que daria para congelar. Outros, daria para despejar ralo abaixo e nunca mais lembrar.

Sei lá, o tempo vai passando e eu vou percebendo tanto que eu já perdi, tanto que eu já vivi, tanto que eu ainda espero por encontrar. Enquanto isso, vou me encontrando em becos escuros da minha própria solidão, aquela solidão vivida por opção e que tanto bem me traz. Me traz paz, silêncio, ócio criativo e muita história que certamente eu não contar para ninguém. Não vou contar, mas eu vivi!

Não sei porque existe tanta competição em "se mostrar" hoje. Todos precisam contar o que fizeram ontem e o que vão fazer amanhã. Eu prefiro o meu mundinho, o meu esconderijo, a minha maneira de ver e viver a vida. Não preciso mostrar, ostentar e nem exaltar. Não pense que eu vivo recluso. Eu só vou continuar tentando...

Sabe aquela história aonde um cara aparentemente tímido, incrivelmente inteligente e insuportavelmente desapegado tem os seus momentos de click, entra em uma cabine telefônica e sai de lá para salvar o mundo? Eu só continuo tentando...