(Texto de Eduardo Dall'Alba)
As melhores coisas acontecem na surdina, no baixo relevo, no côncavo, nada de barulho e nada complexo, no simples espaço e na luz. Trata-se de uma claridade que permeia as horas e que encontra equilíbrio no meio de tudo o que está por vir. Um alinhamento, um devir. E este sabe a luz do sol, no seu melhor, enquanto não se apaga o dia.
As melhores coisas acontecem na surdina, no baixo relevo, no côncavo, nada de barulho e nada complexo, no simples espaço e na luz. Trata-se de uma claridade que permeia as horas e que encontra equilíbrio no meio de tudo o que está por vir. Um alinhamento, um devir. E este sabe a luz do sol, no seu melhor, enquanto não se apaga o dia.
Bilhetes escritos à mão com o traço da pessoa que escreve; um café na mesa, um recado atrás da porta, coisas assim simples que quebram a rotina e fazem pensar que o mundo gira. As melhores coisas não têm prazo, não têm dia nem hora marcados e não precisa de aviso. Lendo os sinais, as coisas podem se confirmar. Isto pode acontecer, sempre.
Há na estrela da tarde qualquer coisa de inefável, qualquer coisa de brilho, e estrela não se empresta: ou se tem ou não se tem. É como o brilho dos olhos diante de alguma coisa, em alguma parte, seu reflexo nos olhos dos outros, e em tudo que existe desde sempre.
É claro que tudo está nos olhos de quem vê e tudo depende disso, uma fração e desvio do olhar e tudo muda de foco, de sentido, podendo virar uma aspereza, uma tristeza, algo assim, poroso e desuniforme. As melhores coisas derrubam as tristezas, alargam o caminho e trazem a paz da simplicidade nos gestos. Não se precisa de barulho ou de holofotes diante das melhores coisas, pois elas acontecem no reino velado da existência e podem mudar o rumo de quem as procura.
Antes das melhores coisas, um cheiro úmido no ar do que está por vir. Elas estão ali e vão acontecendo, devagar, porque o sol veio para ficar uma temporada depois do frio que fez ou do calor que fará. As melhores coisas dependem da vontade, mas acontecem ao natural, não se pode forçá-las, porque ali é o terreno do frágil, do pequeno mundo, no qual as coisas do mundo grande não entram nem interferem.
As melhores coisas não precisam de placa de anúncio, não são vistas à venda em supermercados ou em farmácias. Antes, podem ser identificadas em certo modo de olhar, falar, correr os olhos, sentar-se diante de, sorrir e andar. Às vezes, nos pequenos, e outras, nos grandes e corajosos passos que são necessários à vida. As melhores coisas acontecem em surdina, como a primavera que chega na hora. Sem palavras.
Laura Pausini & James Blunt - Primavera Anticipada
2 comentários:
As melhores coisas acontecem quando a gente pára de buscar explicações pra tudo e passar a agradecer e Deus por aquilo que tem.
"as melhores coisas" pra mim serão poucas qndo vc se for
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