Tem dias que eu tenho vontade de sentar e ficar escutando música sem parar. Deixar as melodias invadirem meus ouvidos e conduzirem ou sedarem meus pensamentos de uma forma que eu mesmo não consigo. Imaginar que de repente alguma frase perdida em alguma letra faça fazer sentido tudo aquilo que eu não consigo compreender dentro da minha cabeça e no meu coração.
Acelerar ou diminuir meu ritmo de acordo com as batidas, sorrir com alguma lembrança esquecida de algum momento que tenha ficado marcado por aquela canção, voltar a sentir a mesma vergonha com direito a arrepio por toda a coluna que alguma outra me faça relembrar. Me apaixonar, enlouquecer, me dopar, esquecer.
Escolher uma música qualquer pra deixar no repeat e prestar atenção em cada nota que provavelmente eu já sei de cor e sempre soa nova. Urrar cada palavra como uma mágica que vá mudar toda a realidade existente, quem sabe até mesmo o movimento de rotação da Terra. Sonhar que fui eu quem compôs aquilo ali, ou pelo menos que eu sei cantar e tocar como eles.
Tem dias que eu tenho vontade de sentar e ficar ali. Parado. E que o tempo passe. E que tudo seja apenas aquilo ali. Como a voz do John Mayer combina com sua guitarra ou seu violão ou seja lá o que ele estiver tocando. Que nada mais importe do que o que realmente importa, que é o que mesmo?
Tem dias que são apenas dias. E esses dias não são apenas dias, porque são esses dias que dão sentido a todos os outros dias, tantas vezes sem sentido. Tem palavras que justificam emoções que não se expressam com palavras e tem emoções que inspiram palavras, que inspiram canções que geram emoções que me dão vontade de sentar e ficar só ouvindo música sem parar. Até o mundo parar e depois voltar a girar.
(Pedro Neschling - alterado)
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