Filme: 127 horas
Nota: 10
A história real do famoso alpinista Aron Ralston, que tem que amputar seu braço para salvar a própria vida após ficar preso em uma caverna, é o norte do premiado, elogiado e louvável 127 horas, do diretor Danny Boyle. Preso contra a parede de um desfiladeiro isolado em Blue John Canyon, no Parque Nacional de Canyonlands, no estado Norte-Americano de Utah, Ralson é o herói de si mesmo. Sem ter comunicado o seu destino para ninguém, nos cinco dias seguintes ele tem que ganhar coragem para sobreviver com os meios disponíveis (pouca água, alguns equipamentos de escalada, uma lanterna de LED e um canivete praticamente cego).
Entretanto, durante as horas que passa preso, o jovem vai ficando psicologicamente afetado, passando a ter lembranças de amigos e familiares e lembrando de coisas que teriam salvado sua vida - e não o levariam até aquele destino. Esquecer o canivete, a bebida isotônica e até mesmo não ter atendido sua mãe ao telefone no dia anterior. Momentos e fatos que o levam ao seu destino. Em dado momento, ao exclamar que "essa pedra tem me esperado minha vida toda", o personagem, vivido com maestria por James Franco, expõe a fragilidade humana esboçada em um simples sorriso.
127 horas é um desses filmes para se ter na estante. Ver, rever e assistir mais uma vez. Um filme repleto de lições, de ensinamentos essenciais para o ser humano. Valores, crenças, destino. Seja qual for o nome que você decidir dar à isso, essa roda incessante da vida que te põe em cheque, é preciso assistir aos 94 minutos do filme de Boyle com a mente aberta. Aberta porque você ser confrontado em muitos momentos com os seus medos, questionamentos e a preocupação com aquilo que você deveria ter feito mas não fez.
James Franco, conhecido por seu papel antagonista em Homem-Aranha, colheu os louros de seu trabalho nesse ano de forma especial. Visto como um dos mais promissores atores de sua geração de Hollywood, esteve a frente da cerimônia do Oscar 2011 (onde concorria a Melhor Ator pelo papel em questão), recebeu mais de 8 nominações internacionais, que resultaram em 3 prêmios, e viu seu salário dobrar. Paralelo a isso, novos convites a todo momento e os títulos de um dos homens mais influentes e mais sexys da América. É mole ou quer mais?
A história, que o mundo conheceu, é previsível. Você já sabe o que ele vai fazer ao final de tudo. Mas, mesmo assim, o filme é memorável, surpreendente. Com uma fotografia excelente e recursos de imagem diferenciados, como detalhes, câmera em mão e um fluxo de consciência do personagem, o diretor prende a atenção de quem assiste sem que a ideia do que fazer lhe venha a mente tão cedo.
A cena da mutilação, que causou alguns desmaios nos cinemas mundo afora, é real e intensa. Verdadeira, sofrível. É impossível não sentir uma pontinha de dor ao ver Ralston se torcendo para quebrar os ossos do braço direito ou sentir-se enjoado ao vê-lo colocar o dedo na ferida para identificar o lugar exato que precisa cortar o músculo. É assim mesmo, de tirar o fôlego. A falta de água e comida e as intervenções do tempo fazem com que o espectador entenda, mesmo de longe, que o instinto e sua vontade de sobreviver farão de você um vencedor, independente de sua condição. Vale lembrar que o personagem documenta todos os momentos vividos com uma pequena câmera digital - sobreviver é também estar ligado, não?
Aclamado pela crítica, não tão premiado como deveria, 127 Horas é um filme sobre o poder da força interior de cada um. É justamente fazer pensar e incomodar que ele se propõe. E consegue... É no momento que os raios do sol invadem a caverna onde está preso e tocam seu pé que o alpinista expõe sua mais íntima faceta: querer ser visto e lembrado, sem deixar de lado o bom relacionamento e nem perder as referências.
É para sentir. Seja qual for o sentimento.
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