terça-feira, 13 de outubro de 2009

A Favorita 2 - O Retorno

Tá, pode ser exagero esse título. Mas ele é fundamental para que haja compreensão sobre o que quero falar. Estreou a nova novela das 18h da Rede Globo, "Cama de Gato". E a impressão que se ficou foi de que está no ar a melhor novela do horário em muito tempo.

Desde a primeira cena da novela tudo que se viu foram inúmeros elementos que lembram a melhor novela brasileira de todos os tempos (pelo menos para mim), "A Favorita". Eu sinceramente achei que levaria anos até que alguém ousasse novamente e seguisse o caminho de João Emanuel Carneiro para produzir um thriller com a qualidade que foi a antecessora de "Caminho das Índias".

Mas, não. Menos de um ano após o fim da saga de Flora e Donatella, em pleno horário das seis, temos uma história cujos elementos são próximos. Quem acompanhou "A Favorita" e está assistindo "Cama de Gato", já notou, afinal, o mesmo climinha de suspense que páira pelos capítulos, inclusive com músicas que remetem à tensão não apenas para os personagens, mas também para o telespectador.

Além disso, a fotografia é muito parecida, uma imagem muito mais escura do que estamos acostumados às produções nacionais de telenovela. E isso é muito necessário para que a história possa seguir o rumo e o clima pretendido pelas duas autoras seja alcançado. E os diálogos? Todos lembram bastante o estilo de "A Favorita", sem rodeios, sem frases apenas para ocupar espaço e tempo do capítulo. Ali, tudo faz sentido, todas as frases tem um porquê e, principalmente no núcleo principal, tudo tem um novelo que pode se desenrolar.

Os núcleo paralelos me parecem, em início, até mais interessante dos que tínhamos em "A Favorita". Certamente porque no horário das seis é mais fácil criar cenas cômicas e personagens engraçados que chamem a atenção. Mas o que prendeu mesmo a atenção nessa comparação foram os protagonistas. Marcos Palmeiras na pele de Gustavo é praticamente uma Donatella de calças. Ela foi acusada de um crime em que era inocente; ele também. Ambos por armação de outros. Ela foi dada como morta; ele também. Ela teve de provar sua inocência; ele também terá. Ela teve Zé Bob como amor e anjo da guarda; ele tem a personagem de Camila Pitanga. Esta, que aliás, também empresta a sua protagonista elementos que Cláudia Raia doou a Donatella. Principalmente a fibra e falta de medo de enfrentar pessoas más.

A vilã Verônica, vivida por Paola Oliveira é tão pérfida quanto Flora foi. Porém, pelo horário, é uma versão light da personagem terrível. Mesmo assim, acredito que ela irá realizar algumas maldades para chocar todos os telespectadores. É o que parece, ao menos.

Até aqui nenhuma atuação vem comprometendo a excelente história criada pela dupla que já havia escrito o remake de "O Profeta". Mas vale dar destaque para o estreande Land Vieira, que foi o segundo colocado de um concurso para estrelar o novo filme da Xuxa, e acabou se dando melhor que o grande vencedor (Talvez porque tenha mais talento!).

"Cama de Gato" vai bem em tudo, inclusive no Ibope, com a melhor primeira semana em muito tempo. Sob a supervisão do próprio João Emanuel Carneiro, o que se vê, na verdade, é uma outra história, mas muito, muito próxima de "A Favorita". E isso é o maior elogio que uma novela poderia receber.

(Daniel César - editado)

sábado, 10 de outubro de 2009

Da minha precoce nostalgia

Quando eu for bem velhinho, espero receber a graça de, num dia de domingo, me sentar na poltrona da biblioteca e, bebendo um cálice de vinho do Porto, dizer à meu neto:
- Querido, venha cá. Feche a porta com cuidado e sente-se aqui ao meu lado. Tenho umas coisas pra te contar.
E assim, dizer apontando o indicador para o alto:
- O nome disso não é conselho, isso se chama Colaboração!
Eu vivi, ensinei, aprendi, caí, levantei e cheguei a algumas conclusões. E agora, do alto dos meus 82 anos, com os ossos frágeis, a pele mole e os cabelos brancos, minha alma é o que me resta saudável e forte. Por isso, vou colocar mais ou menos assim:

É preciso coragem para ser feliz. Seja valente. Siga sempre seu coração. Para onde ele for, seu sangue, suas veias e seus olhos também irão. E satisfaça seus desejos. Esse é seu direito e obrigação. Entenda que o tempo é um paciente professor que irá te fazer crescer, mas escolha entre ser um grande menino ou uma menino grande... vai depender só de você!

Tenha poucos e bons amigos. Tenha filhos. Tenha um jardim. Aproveite sua casa, mas vá a Fernando de Noronha, Rio de Janeiro, a Barcelona, a Itália e a Paris. Cuide bem dos seus dentes. Experimente, mude, corte os cabelos. Ame. Ame pra valer, mesmo que ela seja a garçonete. Não corra o risco de envelhecer dizendo "ah, se eu tivesse feito...".

Tenha uma vida rica de vida. Vai que a garçonete ganha na loteria - tudo é possível, e o futuro é imprevisível. Viva romances de cinema, contos de fada e casos de novela. Faça sexo, mas não sinta vergonha de preferir fazer amor. E tome conta sempre da sua reputação, ela é um bem inestimável. Porque sim, as pessoas comentam, reparam, e se você der chance elas inventam também detalhes desnecessários.

Se for se casar, faça por amor. Não faça por segurança, carinho ou status. A sabedoria convencional recomenda que você se case com alguém parecido com você, mas isso pode ser um saco! Prefira a recomendação da natureza, que com a justificativa de aperfeiçoar os genes na reprodução, sugere que você procure alguém diferente de você. Mas para ter sucesso nessa questão, acredite no olfato e desconfie da visão. É o seu nariz quem diz a verdade quando o assunto é paixão.

Faça do fogão, do pente, da caneta, do papel e do armário, seus instrumentos de criação. Leia. Pinte, desenhe, escreva. E por favor, dance, dance, dance até o fim, se não por você, o faça por mim. Compreenda seus pais. Eles te amam para além da sua imaginação, sempre fizeram o melhor que puderam, e sempre farão. Cultive os amigos. Eles são a natureza ao nosso favor e uma das formas mais raras de amor. Não cultive as mágoas - porque se tem uma coisa que eu aprendi nessa vida é que um único pontinho preto num oceano branco deixa tudo cinza.

Era só isso, meu querido. Agora é a sua vez. Por favor, encha mais uma vez minha taça e me conte: como vai você?

(Maria Sanz Martins - alterado)

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Tic-Tac, Tic-Tac


Minutos atrás estava aqui, buscando algo para postar, uma ideia, um acontecimento qualquer. Visitando os blogs de sempre, fiz o famoso "copia e cola", mas isso não me satisfez por inteiro. Sei lá, preciso estar escrevendo incessantemente coisas novas, guardando lembranças e eternizando pensamentos. E afinal, sempre haverá sobre o que escrever, mesmo que a tela branca continue a teimar. (Acontecimentos ilustrados nos links! ;)

Tanto aconteceu nesses últimos dias, não? Coisas que realmente tem valor, coisas sem sentido nenhum. Histórias bizzaras, fins e estreias de novelas, premiações musicais polêmicas e até aquelas que fracassaram. Teve ator brasileiro ganhando projeção mundial, grandes artistas partindo para alegrar o povo lá de cima, erros de português que tornaram-se célebres e novas músicas surgindo no mercado.

Teve também filho de gente famosa (e querida!) nascendo, o Twitter ficando mais popular que o Orkut. Alguns reality's show com finais que nem merecem ser lembrados, outros caminhando nessa mesma estrada. Houve conteúdo de prova importante vazando para o país inteiro, o que não figura em algo espantoso, visto que quem faz a tal prova fica sem receber a nota em tempo de increver-se para o vestibular (vide experiência própria).

Temporais, furacões e tsunamis, a mãe natureza avisando mais uma vez que já tá cansada de tanto descaso. Os políticos continuam impunes, como de praxe, todo mundo ainda dá Boa Noite para o William Bonner, o Faustão emagrecendo, o Gugu na Record, a Eliana no Sbt. Shows internacionais vindo para o Brasil, com preços exorbitantes, que afastam metade do público, problemas na embaixada, os times subindo e descendo no Brasileirão.

Talvez o mais estranho seja essa história de Olimpíadas (ou seria Olim-piada?), mas isso não vale nem perder tempo aqui. A chuva cai lá fora, os pensamentos em um turbilhão, os compromissos gritando aos ouvidos.

É, acho que tá tudo em ordem.
Um vem-e-vai de histórias, um sobe-e-desce de emoções.
Ufa, o mundo ainda é o mundo! (pelo menos por enquanto...)

Tem dias...

Tem dias que eu tenho vontade de sentar e ficar escutando música sem parar. Deixar as melodias invadirem meus ouvidos e conduzirem ou sedarem meus pensamentos de uma forma que eu mesmo não consigo. Imaginar que de repente alguma frase perdida em alguma letra faça fazer sentido tudo aquilo que eu não consigo compreender dentro da minha cabeça e no meu coração.

Acelerar ou diminuir meu ritmo de acordo com as batidas, sorrir com alguma lembrança esquecida de algum momento que tenha ficado marcado por aquela canção, voltar a sentir a mesma vergonha com direito a arrepio por toda a coluna que alguma outra me faça relembrar. Me apaixonar, enlouquecer, me dopar, esquecer.

Escolher uma música qualquer pra deixar no repeat e prestar atenção em cada nota que provavelmente eu já sei de cor e sempre soa nova. Urrar cada palavra como uma mágica que vá mudar toda a realidade existente, quem sabe até mesmo o movimento de rotação da Terra. Sonhar que fui eu quem compôs aquilo ali, ou pelo menos que eu sei cantar e tocar como eles.

Tem dias que eu tenho vontade de sentar e ficar ali. Parado. E que o tempo passe. E que tudo seja apenas aquilo ali. Como a voz do John Mayer combina com sua guitarra ou seu violão ou seja lá o que ele estiver tocando. Que nada mais importe do que o que realmente importa, que é o que mesmo?

Tem dias que são apenas dias. E esses dias não são apenas dias, porque são esses dias que dão sentido a todos os outros dias, tantas vezes sem sentido. Tem palavras que justificam emoções que não se expressam com palavras e tem emoções que inspiram palavras, que inspiram canções que geram emoções que me dão vontade de sentar e ficar só ouvindo música sem parar. Até o mundo parar e depois voltar a girar.



(Pedro Neschling - alterado)