Nota: 10
Um mundo irreal, dividido em capital e distritos, onde anualmente jovens são selecionados para uma disputa aos olhos de todos. O prêmio final é nada menos que a vida. Essa é a trama de Jogos Vorazes, filme que estreou em primeiro lugar nas bilheterias do mundo todo na última semana de março. A nova sensação do público pode ser comparada ao fervor que lançamentos como Amanhecer - Parte 1, da saga Crepúsculo, e Alice no País das Maravilhas, adaptado de duas obras de Lewis Carroll, causaram em seus lançamentos.
À primeira vista, o filme parece violento demais. Afinal, ter que matar o outro por sua sobrevivência resulta em violência gratuita, socos, facadas e blá blá blá. Mas é só aparência. De fato, há um quê de agressões, disparos de arco e flecha, ataques de vespas venenosas e lutas corpo a corpo. Contudo, o grande destaque do filme são as relações.
Uma das novas promessas de Hollywood, a atriz Jennifer Lawrence mostra mais uma vez a que veio. Indicada ao Oscar 2010 por seu papel em Inverno da Alma, ela dá vida a Katniss Everdeen, uma jovem corajosa e determinada, muito apegada a irmã e decidida a fazer de tudo para protegê-la. Elas são moradoras do Distrito 12, o "último", praticamente esquecido pelos governantes. Levam uma vida precária, mas sustentam-se uma na outra.
Como é tradição, cada um dos 12 distritos deve ceder anualmente um casal de jovens para venerar a história de seus antepassados na disputa dos Jogos Vorazes. Não é algo a se almejar, como o Big Brother ou o American Idol: a disputa é pela vida. A sorteada é a irmã de Katniss, mas não é nenhum spoiler contar que a heroína se oferece para ir à luta no lugar da irmã. E é aí que a história começa de verdade.
Junto de Peeta Melark (vivido por Josh Hutcherson), Katniss entra em um processo de transição: precisa aprender a ser mais sociável, a mostrar seus sentimentos e a cuidar de si mesma. Precisa estar em sintonia com seu parceiro, mas não quer deixar para lá o amor do seu vilarejo. Para ajudá-los, dois mentores: o bêbado-não-tô-nem-aí Haymitch Abernathy, interpretado por Woody Harrelson, e o centrado Cinna, que ganha vida com o cantor Lenny Kravitz. É o segundo, inclusive, o grande responsável por transformar a bela jovem na aposta do público: faz dela a "garota em chamas".
O desenrolar é envolvente. É impossível assistir e não se imaginar diante de uma situação parecida. Talvez seja esse o grande acerto do filme: fazer com que o público transforme a diversão em introspecção e autocrítica. O filme relata com maestria o "sistema": a roda da engrenagem que nos controla e nos direciona conforme os superiores querem. Nesse percurso, construímos amizades, buscamos ideais antigos e somos podados contra a nossa vontade. Um sistema sujo, que manipula a opinião pública. Os mais estudiosos das teorias sobre persuasão têm em mãos um prato cheio para análise.
Impossível comparar o filme com as histórias do livro de Suzzane Collins, pois ainda não os li. O que se pode dizer é que Gary Ross acertou em cheio em um roteiro que combina agilidade, emoção e identificação. A fotografia também é primorosa: a versão em 3D é fantástica!
De tudo ficam quatro lições:
1. Não somos donos de nossas próprias vidas.Impossível comparar o filme com as histórias do livro de Suzzane Collins, pois ainda não os li. O que se pode dizer é que Gary Ross acertou em cheio em um roteiro que combina agilidade, emoção e identificação. A fotografia também é primorosa: a versão em 3D é fantástica!
De tudo ficam quatro lições:
2. Travamos, diariamente, várias batalhas: ao sair na rua, no trabalho, nos estudos.
3. Nossas relações influenciam nossas oportunidades.
4. É sempre bom ter alguém em quem confiar... e para onde voltar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário